Iluminados pela luzerna do requintado restaurante, partilhamos um jantar romântico, aquecidos pelo vinho purificado e num picar de olhos, tornou os nossos olhares num transe de conversas com a gaiola dos pudores totalmente aberta. A bebida foi a mola espiritual, para os formigueiros nos egos, o pingar de desejos pelas salivas e com as ideias a martelar demos asas aos delírios.

Saímos a correr do restaurante, com os cabelos ao vento, a tentarmos agarrar o jogo mortal das tentações e deixamos para trás a noite acompanhada com o céu varrido pela luz das estrelas.

O teu vestido vermelho, inspirador, a encobrir a pele morena, rosada pela timidez e com a safadeza a espreitar pelo pestanejar das pálpebras, consigo ler os teus desejos como pecados escondidos pelo diabo no inferno.

Nessa capa de tímida, o vinho foi o soro da verdade, sente-se em ti uma fome de afetos que te transfigura numa santinha sem pudores e ansiosamente preparada para o altar das luxúrias.

Com as pernas trémulas, românticos, mas não trôpegos, mudos em palavras, com a gaguez no cérebro e heroicamente excitados, voamos como uns loucos para a minha casa.

Entramos, nem nos lembramos do quarto, muito menos da cama macia, foi ali mesmo, no escritório, que fizemos da secretária um aeroporto em chamas. Aterramos em movimentos sexuais delirantes, até estorricar os miolos com tanto tesão.

Fazes-me bem, és uma criadora de ânsias que me deixa perdido, como um babão tesudo, enquanto te beijo os lábios aveludados, imagino-te no varão dos prazeres a deliciar-me. Os corações trepidantes, batem forte, as nossas mãos contrastam entre uma velocidade furiosa e deslizares tântricos. Atraídos pelo fascínio, com os corpos a dançar maliciosamente, transpiro sémen e tu libidos húmidas.

Sem hesitações, nem sílabas escondidas, fazemos da epiderme uma discoteca de carícias e lavamos as bocas com as línguas.

Entrelaçados, agarrados à felicidade, unidos numa perícia de amantes boémios, deitamos pela janela fora os relógios e ficamos anestesiados pela atração física.

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