Sedente de amor, liberto da prisão da memória os pensamentos metódicos e deixo-os sair do sono profundo. Sento-me na varanda dos prazeres, acompanhado apenas das recordações e com a caneta mágica tento cruzar-me com o passado imaginário. A noite é de luar e as estrelas brilham com uma intensidade que me deixam fascinado a olhar para elas. Em cada uma escuto novas histórias com vários capítulos, mas uma delas brilha de uma forma especial, parece que quer falar comigo e tento escutar a sua voz carinhosa. Neste mundo da ilusão, trocamos olhares com seduções ao som de músicas remotas que atiçam desejos proibidos e voamos os dois de mão dada. Vestido de colibri e tu de uma colorida mariposa, voamos bem alto envoltos numa bolha de sonhos. Lá de cima conseguimos ver a estrada do destino, construída com as pedras da felicidade e também o teu paraíso encantado, o jardim das borboletas. Tento sentir a tua alma e descodificá-la, ela tem passagens secretas, labirintos codificados, ainda acredita em anjos, portanto eles existem e vives apaixonadamente a vida. Enquanto sussurras ao poeta palavras como bolas de fogo até incendiar os tímpanos, cubro o teu corpo nu com pétalas de flores e com o coração vibrante enfeitiço os teus lábios para os pintar com beijos de mel. Inspiradora, és um desafio constante, consegues iluminar o sol com o deslumbrante sorriso, mas sinto que esconde tristezas, talvez sombras das luzes da escuridão. A tua íris é um espelho refletor onde vislumbro a divina nudez e é nela que quero escrever um livro de poesias com tatuagens fictícias com as cores do arco-íris. Não quero robotizar fantasias, até porque existe em ti uma fogueira acesa desde a adolescência, que apenas os tolos não conseguem sentir e os insensíveis nunca entenderão a tua essência feminina.

Desejo matar os teus medos, os receios, trazendo de novo as lembranças aprazíveis e juntos escrevermos o futuro, quiçá num encontro amoroso de paixões fumegantes com palavras perfumadas.  

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