Sofrimento da alma...
01 de Dezembro, 2024
A linha da vida nem sempre é enfeitada com flores coloridas, com sorrisos e lágrimas de alegria. Ela também tem caminhos sinuosos, torturantes e que mesmo os mais fortes mentalmente têm extrema dificuldade em ultrapassar.
Comecei a tropeçar nos buracos excruciantes de novas realidades, dos sabores amargos, em que a tensão já não é só superficial, é também no íntimo e que me suscita suores na espinha. Tento enganar os diabinhos dos pensamentos horripilantes, como se eles fossem uma víbora mentirosa enroscada no pescoço, mas cada vez mais me sinto um ladrão roubado, em que no baú dos tesouros apenas restam os sintomas da ansiedade.
Cada dia, cada hora que passa, são sempre de forma penosa, parece que assisto impotente a uma corrida de lemas que caminham para o precipício, enquanto escuto constantemente as palpitações fortes de pavor no coração.
Falo para a alma, digo palavras de incentivo: mantem-te calmo, não entres em nervosismos desnecessários, mas as sílabas saem engasgadas e cheias de lágrimas de dor. Até os músculos estão cansados, no rosto são visíveis o desgaste vincado nas olheiras e os ataques de pânico tomam conta da ilusão do manicómio.
A normalidade diária, passou a ser anormal, agonizante, bem tento ter a paciência de santo, mas acabo sempre a viajar na máquina criadora de momentos dolorosos.
Sei que ao escrever acalmo, mas nem para isso tenho tido a sapiência, muito menos a força inspiradora e acabo sempre com sombras escuras nos recônditos sombrios do cérebro. Gosto de recitar poemas, de escrever prosas que escuto nas ondas do mar, mas neste momento o mar está revolto e eu com cara de parvo a entrevistar o Belzebu.
Não é fácil falar do que verdadeiramente sinto, a consciência está destruída, as pontadas nervosas são lapas coladas no peito e cada vez mais me sinto um bisonte assustado.
Olho para ti, vejo os holofotes do sorriso apagarem-se, a serem substituídos pelos gestos e gemidos de dor profunda e as palavras a esvoaçarem ditas pelo nocivo tumor que se apoderou do cérebro.
O corpo ainda respira, por vezes ainda vislumbro o brilho nos teus olhos, a ternura dos abraços de mãe, mas como sempre me dizes: o fim de vida é muito difícil, meu filho.
Preciso de ânimo para novos sonhos, sei que é impossível pela lei da vida evitar o inevitável beijo da morte, que ainda pode estar longe, mas o caminho do sofrimento, esse, é certamente extremamente angustiante e lancinante para o sofrimento da alma.
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