Acordar de manhã…

Acordar de manhã…

O momento era necessário, cada artista tem que ter o seu descanso.
O pintor fica com os dedos cansados, o historiador com a memória a precisar de cochilar, o sonhador de pousar suas asas e o caçador de repousar sua arma.
Também o criador precisa de sair do seu refúgio lírico, de aterrar as suas naves de desejos e pegar no catálogo dos prazeres para se refugiar na ilha dos amores.
Tu és a nomeada em todas estas surpresas exóticas, tens de sentir as contagiantes cadências da minha profanação gigantesca.
Tudo ontem à noite foi intenso entre nós, os sinos chegaram a tocar a rebate em cada toque no recanto da entrega dos corpos, tudo foi de uma exposição física intensa que os lençóis ficaram cobertos de chamas abrangentes.
Cansados, mas não esmorecidos adormecemos na cama feita de asfalto do pecado, o sono foi profundo de ambos os lados, os teus sonhos não sei, mas os meus foram todos pegajosos na continuação da compilação de teu corpo.
Ainda me recordo antes de adormecer de admirar teu olhar feliz, irradiavas sorrisos de sol e teu corpo nu todo tonificado dos carinhos e emoções.
Sinto o estremunhar pela ereção esfuziante, a temperatura do corpo quente, abro ligeiramente os olhos e espreito pelas friestas dos desejos e vejo que és tu a seduzir de novo meu corpo. Acordaste mais cedo e sentiste a necessidade de acordar meu sono com espírito de vida, sinto isso nas energias transmitidas pela tua boca no sexo. Acordo como um verdadeiro rei das loucuras sem complexos, um príncipe assediado pelos teus escândalos desejos ocultos. Toda tua entrega na mestria é sugestiva, inimitável e extravagante, mas que faz meu ser sentir novas sensações como se fosses o desfibrilhador em novos bónus de gozo carnal. Estimulado na implosão do tesão, teus olhos pedem que rasgue teu corpo com delicadeza, mas teus lábios suplicam pedidos animalescos sem limites. Sinto-me impune pelos intensos olhares das tentações, pela suavidade dos teus seios ainda com cheiro a sexo da noite anterior. Ainda ouço os gritos e gemidos da faina intensa dos fulgores dos teus derrames dos líquidos do prazer misturados com os últimos pingos de sémen que nos cortaram as respirações.
Mas este acordar é o seguimento da peça teatral, a ininterrupta sinfonia dos instrumentos na sua continuidade nos bastidores ainda com os aromas dos suores invisíveis.
Aconchegas teu corpo encaixado no meu, as línguas são os chicletes da intimidade desfrutada, as mãos em movimentos rocambolescos e nossos sexos em adrenalinas crescentes.
Os beijos no pescoço, o chupar dos dedos tudo se encadeia numa dança sincronizada com teus movimentos das ancas. A cada batida mais forte na tua porta do desejo deixa-me sem folgo, mas tu de forma incansável desejas fazer miséria com a tua sensualidade. Cavalgas forte enquanto fazes um chupão no meu descurado pescoço, estás possessa e com vontade indestrutível de valorizar de forma gloriosa a eutanásia de meu membro.
O calor das emoções dos beijos dos sexos, provocam um enorme choque térmico de orgasmos que se colidem na tua brecha dos prazeres. Cantamos hinos de gemidos e soltamos sirenes de grunhidos como se fossemos os embaixadores da selva.
A noite tinha sido longa, mas esta manhã carimbou a carne e a alma de forma a não renunciarmos deste magnânimo acordar para um novo dia.

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