Novas adrenalinas…
07 de Janeiro, 2019
Euforias descontroladas na noite das portas escancaradas ao ano novo.
Tudo numa chuvada de turbilhões, de espíritos mordidos pelas vibrações esfuziantes do renascimento de novas aventuras intensas.
A praça está repleta de copos cheios de luxurias, de janelas de vozes roucas que invadem a surdina dos ouvidos mais tísicos.
Uma paz interior caída nos sorrisos abertos destas criaturas enlouquecidas nas pegadas dos exageros do álcool.
Ninguém se coíbe nos berros e urros como se tratassem de ursos brutescos, não existem medos da liberdade, nem salivas contidas nas fatias dos milhares de beijos.
O frio aperta, mas os prazeres vasculhos da loucura são cada vez mais quentes, cada boca, cada alma são livros abertos a nossos desejos e a prazeres arrancados das trevas.
Não sou o génio da lâmpada, mas estou na privacidade feminina, no teu piscar de olhos constantes, pois faço parte da tua ementa de fetiches.
Sentimos o devaneio das obsessões sempre que olhamos os ponteiros do relógio, o desejo de montar a vassoura voadora de sonhos e sermos catapultados pela força da mola numa espiral de sensações desmedidas.
Em uníssono gagueamos as palavras soletradas na forma numérica descendente.
Segundo a segundo, cada corpo sentido e perdido no descarrilhamento febril é visível no saltitar dos seios e dos testículos na euforia dos presentes.
Meia noite, coibidos de pensar e de conter os silêncios daltónicos dos confetes e do fogo de artificio, rasgados no ar como se fossem pincelados por canetas ilusórias.
Tudo em redor são granizos de emoções, de palavras de desejos de tudo de bom para este novo ciclo que voam como folhas caídas.
Contemplo cada pedaço do teu corpo, numa serventia doentia em beijos tatuados na tua língua.
Vários pares de casais cultivam perfumes, como se estivéssemos num campo de milho, alternados nos tragos das taças de champanhe.
Parecemos guerrilheiros teimosos numa ponte de afetos, uns mais atrevidos e sem pudor, outros na entrega de juras de amor simbolizados nos anéis possessivos dos pedidos de casamento.
A noite caminha nestas intimidades feitas de flores doces, de atiçamentos nas apalpadelas do corpo, nas carências mais evangélicas das meticulosas loucuras.
As luzes são intensas no painel a assinalar as boas vindas a 2019 e respiramos orgulhos como se fossemos fetos felizes.
Tudo remexe numa fugacidade enlouquecida com desejo de renascer para amar, enquanto me sinto cego no olhar de teu corpo.
Tudo que vejo em ti são utopias e fetiches de orgasmos, sinto-me um cão moribundo no baloiço da perdição e com vontade de palavrões ferozes. Dentro de mim o diabo arde com vontade de invadir teu corpo de anjo purificado ao som dos tambores de vícios carregados de cheiro a sexo.
Por isso seremos as sentinelas do amor, as ousadias nas cúpulas das humidades corporais e teremos vitorias seguidas nos passos com vida de novas adrenalinas neste novo ano.
Respeite os direitos de autor
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