Asa ferida...

Asa ferida...

És uma doce mulher, um passarinho corado pela sensibilidade e uma felina assanhada pelo corpo selvagem. Vives sequelas do passado, amores remexidos pelos piratas de infidelidades e diariamente escutas elogios queimados na carroça dos sons.
Lutadora, no ego carregas sapateados no palco, músicas tocadas pelas insónias diárias e vozes da carência da afetividade. As navalhas são cortantes, acentuam o desânimo e na pele tens saudades de ser escrava e amante de carícias.  
Despida queimas e vestida deslumbras.
As portas da ilusão foram abertas, voaste bem alto e com os ventos a favor, que propagaram elogios envenenados pelas falsas cumplicidades.
Ainda voas, mas com a asa ferida…
Os pulmões sem oxigénio, as mãos algemadas pelos hackers da paixão e a alma a esvair-se em hemorragias.
Caís no alto do penhasco, rasgas o vestido negro da cor do íntimo e julgas que foste esquecida.
Sentes os sonhos fechados na escuridão, avistas as sombras geográficas dos abutres a sobrevoar e mesmo assim respiras.
Os pensamentos resistem, voam na busca de forças sobrenaturais, soltam palavras bombeadas pelo perfume como se fossem pombas brancas.
Bem longe, procuro ouvir a mudez numa atmosfera barulhenta, não escuto nada, mas sinto que o teu silêncio está intranquilo.
Estamos fechados num colete de forças, o momento não é de abraços, nem de cascatas de beijos, mesmo sabendo que o coração está em chamas.
Não ouço as tuas vibrações e não sinto o estandarte da alegria acenar no sorriso de princesa feliz.
Uma gestão de sentimentos guardados no baú e os orgasmos autênticos afundados nos navios fantasmas.
Parece que temos a vida encaminhada numa corrida de caracóis.
Neste desalento, neste mundo enclausurado às aventuras felizes da vida, preparo os cavalos brancos em busca de ti.
Desfalecida, abraço-te de forma carinhosa e num intenso beijo profundo cicatrizo as feridas que sangram.
Abres os olhos, o brilho ilumina as almas, libertamos o corpo num voo infindável e curas a asa ferida…

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