Chaves do coração...
29 de Maio, 2023
Dá-me prazer e enche-me a alma, quando sinto que através das palavras, ilumino os recantos mais obscuros dos corações humanos. Gosto de escutar as surpresas que a vida reserva para cada um, mesmo que elas sejam por vezes negativas. Aliás, é nos momentos mais difíceis que amo estar ali ao lado, junto ao ouvido daqueles que sofrem com as agruras da infelicidade. Também tenho altos e baixos e algumas vezes visto na pele, a tristeza do palhaço quando ele sobe ao palco e mesmo triste, tem de espalhar o contágio do sorriso e da alegria.
Ainda guardo as asas, que outrora me fizerem voar, com elas era um louco apaixonado e voava sobre o mar a tocar violino para as sereias. Recordo tudo o que vivi, do tempo que ouvia chamares pelo meu nome, mesmo assim, não quero viver desse passado, apenas dos loucos prazeres do futuro.
De olhar perdido, como um sol escondido, procuro trocar quimeras com o horizonte sombrio, talvez seja um tonto, ou um masoquista a cair vezes sem fim, mas sei que encontro sempre forças para levantar-me as vezes que for preciso para estar junto a ti.
Hoje não quero ir atrás do que penso ou digo, prefiro meter os “headphones” e escutar vezes sem fim a música do Paulo Gonzo, não dá…
Na ilusão do acaso ou do destino, vejo uma luz brilhante a sair pela fechadura e na porta trancada pelo coração aberto, soa uma música romântica. Tento perscrutar, decifrar o autor, tem uma letra que toca o íntimo e que remexe a essência poética.
É o Rogério Charraz, a chave…
Espreito, és tu que estás do outro lado, tento vasculhar os teus segredos e admirar cada traço da tua beleza carnal, mas a respiração esbaforida, denuncia a minha presença. Pelo brilho das íris, através da fechadura, trocamos olhares profundos, que numa palavra diria, são fantasias das melodias que nos provocam arrepios.
Faço de tudo para ficar contigo, porque sei que queremos ver-nos, para a simbiose dos sorrisos, serem, simplesmente as sementes para selarmos novas aventuras e juntos colocarmos as almas a flutuar ao vento.
Tento abrir a porta, mas não consigo, está trancada, ainda penso em bater, ou quiçá derrubá-la para poder ter-te nos braços e voarmos como duas borboletas livres.
Como um poder divino, magicamente a porta abre-se, invado o quarto para inundar os teus doces lábios de beijos e abraçar-te sem fim, mas encontro apenas um barco vazio.
A tristeza preenche o esvaziar dos sentimentos, mas as narinas pressentem uma fragrância no ar, são as sombras do teu perfume, deixadas pela chave do coração.
Respeita os direitos de autor.
Respeita os direitos de autor.