Contador de histórias...

Contador de histórias...

Sempre fui imaginativo, um viciado no perfecionismo e desde pequenito aprendi a brincar na rua, ao sol e à chuva.
Os tempos hoje são outros, onde a criatividade é tecnológica e em que as pessoas tem uma abrangência quase ilimitada para os pensamentos e desafios da inteligência.
Vivemos a era da informação e contra informação, onde o mais demagogo consegue dizer e provar aos crentes as coisas mais absurdas, como se o mundo fosse quadrado.
Sempre detestei a mentira, mas tenho momentos que dentro da cabeça vagueiam mentiras que são verdades e verdades que são mentiras e que juntas convivem num emaranhado de confusões. É como se os pensamentos estivessem constantemente a construir puzzles de sentimentos, onde o real se transforma em fantasias e vice-versa.
Sei que mentiras contadas num jogo de xadrez, até parecem a cores, principalmente quando o jogo é jogado com peças a preto e branco. 
Com tanta informação em catadupa, sinto-me uma esponja que “obrigatoriamente” absorve tudo e depois tenho esta necessidade constante de a transformar em palavras que projetem na imaginação das leitoras, histórias dos velhos sábios.
Há dias que tenho o ego insuflado, até esqueço a fé, abro a mente aos pensamentos absurdos e lanço-me na selva como um troglodita na bruma.
Hoje decidi, percorrer as pegadas da areia sem fim, nem liguei à bandeira vermelha, colocada devido às ventanias desgraçadas, mas não vim para cantar o fado e muito menos para ser o James Bond (007) da noite. Vim em busca dos vestígios de beijos passados, das memórias que teimam em me chamar, as tais dos tempos em que era adolescente e vivia na fábrica de aventuras. Aqui, mesmo com o vento forte, consigo ouvir o silêncio das palavras, até os zumbidos nos tímpanos das vozes dos mudos.
O relógio teima em virar as páginas do livro da vida, felizmente tenho um currículo limpo, sem cadastro, o que me deixa descansado e de consciência tranquila quando durmo. Não preciso da rosa-dos-ventos para servir de bússola, para conseguir ver a luz que me ilumina. Sinto-me feliz, tranquilo, confiante, sigo agarrado ao destino, é como lançar ao ar os dados, num jogo de póquer com uma aposta elevada e sentir que vou ficar sempre com os ases.
Não tenho hora marcada para acender o fogo da paixão, por isso aceito a sorte do amor e continuarei a ser este fascinado contador de histórias.

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