Eu sonho, tu sonhas, ela sonha, nós sonhamos e o mundo vive sonhos de desejos.

Uma atmosfera, uma universalidade, uma bandeira, uma só nação, um planeta azul.

Trouxe comigo os trovadores dos espíritos vandalizados e ficaram a adorar a tua estátua. Os tocadores de instrumentos atiraram ao ar as pautas musicais e libertaram poemas com asas que voam em redor da tua beleza e pureza. Cultivei o jardim com pétalas de rosas como se fossem varandas de sol a fazerem de chocadeiras de afetos. Os criminosos cantam com vozes roucas, mas de corações abertos onde galopam cavalos de príncipes. Os sons das guitarras assobiam ao rufar dos trompetes retratos dos silêncios nas teclas dos pianos.

Sou apenas um maestro, o mágico que recria ilusões nos invisuais sentimentos, que ilumina os nenúfares das nuvens para espelhar o teu mastigar de beijos.

Arejo a minha cama sem bolores, para comungar a tua língua, o teu revirar de olhos, as tuas transpirações palpitantes, até soltares gritos pornográficos.

Não recrio sentimentos robotizados, mas crio perfumes dos teus orgasmos, não trafico corações, pois sou um peregrino com fé na coragem de amar.

Ontem, hoje e amanha, vivo os sonhos de desejos, revelo um mundo secreto, onde ficas desinibida na tua nudez e onde a doçura das minhas mãos pintam a tua pele com adrenalinas desvairadas.

Esvoacei panfletos que soltam cânticos incendiários, mas sem pinheiros ardidos, planto flores floridas na selva para os carnívoros ferozes dos prazeres.

É na cama sem demónios que faço a radiografia do teu coração e que beijo o teu sexo com beijos que ardem como se fosse um macho esfomeado.

Inventei novos deuses para venerar a ti, a minha deusa das deusas, concebi labirintos nos poros da tua epiderme que nenhum homem ousava sequer sonhar que existia.

Por isso és as minhas vibrações, o sangue que goteja nos labirintos das veias esgazeadas, és os gnus que galopam nos meus jardins da paixão.

Sou possessivo, mas no vício dos teus odores, na mestria das tuas orgias, nos eufóricos tremores do teu clitóris e nas loucas excitações trapezistas das hormonas sexuais.

Tatuei os mandamentos deste mundo novo na tua alma, escrevi os prefácios nas tuas nádegas, carimbei nos teus lábios e seios as profecias do Criador com os latejares do meu membro da fecundação.

Eu desejo, tu desejas, ela deseja e nós desejamos sentir os arrepios pelas chuvas da felicidade, ser iluminados pelos sorrisos dos estrondos das mentes viajantes e delirantes da comoção.

Subi cada degrau na simbiose das tuas seduções, nas essências da tua perfeição, nas palpitações do encantamento de ti, musa mulher.

Fui o primeiro a chegar, não existia aqui ninguém e só havia uma pedra onde escrevi o meu nome: Criador de desejos.

Respeite os direitos de autor.