Desejar desejos desejados...

Desejar desejos desejados...

A vida gira em redemoinhos formados do nada, de ventos que sopram nos ponteiros dos relógios, onde se formam a contagem dos dias, das horas e dos minutos, por momentos faz-se dia ou põem-se a noite, mas sempre na quantidade veloz e nunca na qualidade harmoniosa.
De forma lenta e descalço caminho pelo chão sagrado do meu Planeta Azul, onde não surgem tempestades repentinas, onde os sentimentos, os sonhos e desejos prevalecem e são o expoente máximo das leis das relações humanas.
Neste momento refetivo, sentado no jardim suspenso como se fosse um poeta, ouço no silêncio as serenatas de versos graciosos ao vento, inspiro até encher os pulmões pelo doce cocktail de aromas afrodisíacos que deslizam entre as flores de mil cores e observo as imagens fascinantes de emoções tatuadas no céu iluminado.
Com a mente a purificar, sou bruscamente interrompido pelos sinos cândidos que tocam a rebate na entrada vigilante do Planeta. Sobressaltado pelo momento inesperado sinto o arrepio das almas impuras, das brechas da luxuria e do ressuscitar dos desejos insanos. Não estou enganado pois o lábaro que transportas em tuas mãos, as asas da impiedade bem abertas só podes ser tu, o anjo do Diabo.
Carregas contigo um manuscrito, que ao sobrevoares sobre a minha cabeça o deixas cair em meu colo e numa repentina labareda enorme envolta em mistério evaporas no nada, antes que meus guardiões do bem te possam agarrar.
O céu turva na sua cor, abro o papel enrolado mas sinto os odores obscenos a fluir da tinta vermelha da caneta que transcreveu as palavras escritas por ti. Sim por ti mulher que carregas na alma e no corpo os prazeres excessivos do domínio dos desejos.
Tranquilo e de forma perenal na descontração absoluta, começo a ler de forma audível, em que cada palavra soletrada ecoa pelo infinito interminável:
"Meu criador de desejos, meu poeta vagabundo de sensações, meu maestro de sonhos perdidos no tempo, não consegui resistir à ânsia dos momentos penosos, já não suportava os sonhos delirantes acordada, por isso fechei todas as friestas do meu quarto, desliguei todas as luzes e abri a caixa.
Sim, abri a tua caixa dos desejos e fui invadida pela quimera incurável da ambição de sentir teu jeito meigo mas revolto em brusquidão na invasão mesmo sem permissão do meu corpo pelo teu.
Quero sentir o teu domínio, tenho o corpo todo escancarado, quero sentir a apropriação total por ti, quero sentir-me totalmente nua em tuas mãos, quero sentir o viajar de tua língua salivada perdida na pele.
Eu sei, que estou enlouquecida em pedidos de sonhos e desejos, mas só existe uma palavra que repetirei até extravasar este momento de hedonismo que invadiu minha alma...
QUERO!
Quero perder o teu respeito, sentir teus beijos feitos de poesia erótica, ser a tua escrava do encantamento, quero todo o prazer mais profano e insano que carregas em ti.
Não me calarei, nunca vou tirar a mordaça do silêncio, quero urrar e gemer como uma loba faminta e cavalgar sem fim no teu supremo tesão.
Cultiva eternamente a luxuria, carimba e chafurda meu corpo, aproveita este entreabrir de minhas pernas e bagunça os meus mais secretos poros da sexualidade, sacia toda esta minha fome febril incontrolável.
Quero sentir-me indefesa nas manobras de meu corpo, explora todos os meus becos, os meus atalhos, toda as curvas querem ser idolatradas nas malicias dos mitos do teu ser.
Ilumina meu clitóris com a luz da lanterna incessante da tua língua, conduz teu membro até às penetrações do meu íntimo, quero sentir o teu explodir em meu ninho num gozo ininterrupto, quero ficar marcada pelo teu sémen nas profundezas do meu sexo.
Sim QUERO desejar todos estes desejos desejados."

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