Lembranças perdidas...
11 de Fevereiro, 2019
As vozes batem dentro da tua cabeça, as músicas são para ti sinais de guerra, os silêncios santuários da solidão. Sentes tua alma prisioneira do amor, as lágrimas o mar que lava o teu rosto e a monotonia as mazelas do barómetro da relação.
Tu sabes a verdade desta indigna experiência, mas também sabes que não foram egoísmos, mas sim atos de coragem.
Ele teve de partir porque é um homem comprometido com o dever cívico e profissional, na honra de servir o País com o estoicismo guerreiro que sempre teve. Tu sabes que ele te ama, mesmo não vivendo sempre unidos em mares de rosas.
Mas para ti são vendavais de sentimentos, segredos de ansiedade, construídos pelas barreiras invisíveis.
Mas a missão dele é patriótica, segredo de estado, que só tu sabes porque ele te confiou nos sussurros dos beijos da partida.
Acreditaste e confiaste!
Mas agora apenas tens estas palavras escritas numa única carta perfumada que recebeste do além, como se fosse uma linguagem mental. Não pode existir mais nada, tudo é secreto, sem telefonemas, sem redes sociais. Sem nada!
Tu és exuberante, és mulher viva de sangue quente, tens saudades de enlouquecer no pecado, de seres torturada na cumplicidade do prazer. Estás insatisfeita, sentes uma enorme tensão afetiva e vives esta agonia agarrada aos odores dele deixados nos lençóis.
És frágil, carente e assediada pelos homens que vagueiam em teu redor, com desejos despidos do teu corpo, mas mesmo sentindo os sonhos a desvanecer, não tens oscilações emocionais.
Estás comprometida, com os murmúrios que fazes com as paredes do teu quarto, com os suores e arrepios frios que trocas com as tuas sombras nas carências de abraços e das pinceladas de beijos.
Não é fácil manter a tranquilidade sã quando teu corpo e teu coração é devastado pelo silêncio.
Mas o teu amor por ele são as raízes da tua sobrevivência, a fonte de vida dos teus climas de romance, a âncora da tua resistência.
O tempo passa, o tic-tac do relógio é um castigo ensurdecedor e o calendário o roncar da fome.
O pestanejar dos teus olhos balançam, a boca sente o último bocadinho de chocolate a derreter, a música suave esfuma-se nos teus tímpanos, é o soninho a chamar.
Acabas por cair em mais uma noite no repouso da tua cama a sonhar com as lembranças perdidas…
Respeite os direitos de autor.
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