Deusa das deusas...

Deusa das deusas...

Várias são as musas atrevidas que tentam arrombar os portões dourados do Planeta azul, batem com estrondo na fechadura e dificilmente conseguem entrar. Quem aqui entra, nunca mais sai e fica a viver para sempre prenúncios deste poeta louco na arte de amar.
O destino tem um início, nem sempre tem um fim, talvez por isso tenhas conseguido abrir e ultrapassar as portas da ilusão.
Ajudei a invadires o meu mundo, senti no mais puro dos silêncios a doçura dos teus passos, o olhar meigo, de uma mulher ternurenta diferente das demais e que possui o dom de cativar e fazer desejar. 
Vivias sonhos adormecidos, sofrias da ditadura imposta na alma por insensíveis, mas com uma força interior brutal, vives ávida por soltar os pecados da imaginação.
Éramos duas andorinhas perdidas, uma retraída na timidez, outra com valentia corajosa para beber o perfume como um morcego sanguinário.
Os teus sonhos fazem corar o pecador, mas eles estão sempre acompanhados de realismo. Quiseste espreitar o inferno da minha privacidade, subiste o escadório do cio e por isso aceitaste o convite assanhado.
Ambos ambicionámos superar loucuras, embriagar o corpo sexualmente em bravuras imorais, festejar com gritos histéricos, sentir os bafos quentes das almas algemadas pela paixão.
Aqui estou, sentado na poltrona do Criador, como vim ao mundo, nuzinho, enquanto surges deslumbrante, dissimulada numa fodilhona com requinte. Os olhares cruzam-se na meia luz do quarto perfumado, os sentimentos ainda são códigos secretos, mas a magia encarrega-se de os desvendar.
Vens até mim a cumprir promessas de joelhos, numa disposição submissa, esmerada na forma escandalosa da oferta do corpo e com gestos em catadupa que provocam ereções.
O meu fluxo sanguíneo entra numa viagem desconcertante e mesmo com o astrolábio na mão nesta caravela à tua descoberta, fico sem norte nem sul. A vontade de mapear todas as tuas curvas corporais com a língua, de invadir as fendas húmidas com perfurações sem freio e de soltar palavrões escaldantes à tua alma deixa-me absorto.
As pinceladas salivadas são de afeto profundo, os lábios ventoinhas de beijos, tudo numa serventia mútua que nos cega. Enquanto sorves os sacos genitais, invades a próstata com o dedo e provocas uma dureza peniana desmedida. Num sincronismo de ballet, os meus dedos desfloram a vagina até tocar a sensibilidade dos ovários. As bocas orbitam devoção aos odores intensos dos sexos alucinados pelas hormonas da satisfação.
De cuzinho ao léu, clamas escaldões nas nalgas, atiças a língua pegajosa que se baba desgovernada na libido impregnada no clitóris fervente.
Despenteias o careca, transformas o Criador num ganzado sexual, revolves o cuzinho todo arreganhado para mim e com estrondo é invado com estocadas dilacerantes. Os gritos selvagens esganiçam as goelas secas, o pingar do teu orgasmo contínuo no chão, o tsunami de sémen a inundar o teu esfíncter pornográfico, fazem o momento “Hollywoodesco”.
Trémulos, borrifamos a pele com gelo, mas as labaredas continuam a flamejar no corpo e na alma, com avidez de muito mais.
As paredes não falam, mas murmuram aos quatro ventos, que foste amada como a deusa das deusas.

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