Deusa para sempre…

Deusa para sempre…

Os portões dourados abriram-se, entraste como um raio de luz e para trás apenas deixaste um rasto de sensualidade.
Os teus passos são danças num palco romântico, o corpo um violino que toca magia com vida e a alma suspira músicas do coração.
Um espírito anónimo, numa doce mulher, que veio comprovar a força brutal da sua natureza divina.
Os acenos foram inocentes, por vezes mistérios corados pelo desejo, mas tudo em ti, é uma biblioteca de sentimentos sagrados.
Cruzamos linhas em pecados fechados e com entregas cegas invadimos a intimidade. Sentimos os arrepios surdos um do outro, rugimos como leões no cio e voamos como borboletas apaixonadas.
Cada sílaba que partilho, a tua íris é luz na escuridão, cada toque corporal são impulsos de cardumes de línguas, que fazem arrepiar e transformam desânimos em vitórias suadas de corpo e alma.
Sei que nem sempre é primavera com andorinhas, por vezes também é outono, tropeçamos nas folhas caídas, ou até inverno com chuvas de choros.
As nódoas da injustiça perdida caíram na brancura dos gestos da mudez, como se fossem golpes abertos no caminho das tristezas e fazem brotar lágrimas que doem.
Preciso de arejar a mona, de fugir aos pensamentos impregnados pelas moscas voadoras e ladear a pedra do túmulo aberto como se fosse a sepultura da alma.
Fico sozinho, atiro sementes de ânsia ao solo à espera que floresça nos teus lábios palavras de paixão e gestos de compaixão com banhos de luz.
Neste afastamento penso em ti, no corpo que despenteia elefantes e na alma que aquece. És um fumo branco que abraça, uma gaiola aberta de bálsamos perfumados, um apaixonante vício enraizado.
Não quero ser mendigo de afetos, mas nunca deixes a solidão do meu íntimo soletrar poesias vazias, nem dançar descalço e muito menos congelar o esqueleto. Faz bater este coração, lambe até cicatrizar as feridas do ego desta pobre criatura, que em cada ruído que escuta fantasia memórias das nossas vibrações.
Humildemente pensativo, vou ficar aqui à tua espera eternamente, com uma simples rosa sem espinhos, a imaginar-te a olhar para mim e de joelhos jurar-te que serás deusa para sempre.

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