Divinamente arrepiante...

Divinamente arrepiante...

Corremos as persianas, as cortinas, fechamos o quarto ao mundo exterior e deixamos apenas o silêncio das lâmpadas fundidas.
Mesmo tomados pela escuridão, quisemos que a nossa liberdade fosse induzida e dominada pelo sentido do tato, do sentir, do toque, das vibrações, dos calafrios e vendamos os olhos.
De corpos nus, almas despidas, deixamos os pensamentos expostos e ficamos a imaginar o infinito do céu, enquanto iniciamos beijos nas estrelas, como amantes pecantes.
O diabo estava à escuta, invadiu o nosso paraíso e inundou a cama com heresias. No fundo, era isso que desejávamos, que as perversões desabrochassem prazeres ilimitados, com maldade diabólica e serem combustíveis para incitar ainda mais o fascínio na avidez de apaixonados.
Sem sílabas escondidas, atiças aventuras, gritas suplica de submissão e devassidão da genitália. Parece que estamos encarcerados na casa das máquinas das diabruras sexuais, a sermos chicoteados pelas blasfémias de escárnio.
Ainda nos rascunhos de ósculos virtuosos, nem precisamos de assédios desnecessários, nem das seduções maliciosas, já o suor pinga misturado com o óleo balsâmico, tornando as peles escorregadias.
Os bafos esvoaçam pelo ar, os ritmos ofegantes ecoam nas paredes, os gemidos deslizam na cama, os lençóis sabem que somos pecadores sem esperança na redenção e o colchão é confidente de tudo menos de músicas celestiais.
Destapamos o fogo cerebral e com os corpos desconcertantes, entramos em jogos da descoberta dos sexos e com submissões sem restrições em êxtases repartidas. 
É indescritível a tentação, a ira da tesão, com as línguas eretas de excitação, a ânsia compulsiva de possuir e devorar a profundeza da tua boca até às goelas com o membro entesado.
Com a asfixia dos delírios, sente-se a falta do oxigénio a bombear, ofegamos, soluçamos, mas os sexos deliciam-se em violações pelas salivas das lambidelas promíscuas.
Alucinada, gritas aos tímpanos do animal sexual, imploras dominação e em posição de quatro, agarrada fortemente pelos cabelos, enquanto atinges o clímax várias vezes, és castigada com penetrações vibrantes até à exaustão. A minha epiderme, é escravizada pela guilhotina cortante das tuas unhas que rasgam sem piedade, uma dor suportada apenas, pela energia do deslumbramento e com o estremecer fervilhante do sémen.
São várias as ejaculações, na boca, na vagina, no ânus e o teu corpo continua insaciável a obedecer ao prazer de mais invasões desenvoltas animalescamente.
Subjugamos o corpo até ao esgotamento dos últimos latejares e num calor abrasador, derretemos glaciares até ao último pingo na epiderme, de forma divinamente arrepiante.
E tu arrepiaste?

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