Emoções ilusórias...

Emoções ilusórias...

Todos temos em nós, memórias com histórias e momentos inesquecíveis. Tenho muitas, guardadas no íntimo, desenhadas e cravadas na epiderme como se fossem um filme de longa-metragem.
Não foste a única, mas foste aquela que tocou, que remexeu os desejos promíscuos, os prazeres mais loucos, com quem vivi gestos de apaixonados na cama como se ela fosse a caravana do amor e por isso senti as vibrações inexplicáveis na medula espinal.
Dois adolescentes, juntos no leito perfumado, com as cores das borboletas no teto do quarto, que no borbulhar do jacúzi, rapidamente se transformaram em dois anjos demonizados.
Não quero remoer memórias, apenas viver novamente essa loucura, ser esse jogador de xadrez e ser abençoado por um cheque mate, através das tuas ousadias.
Quero sentir o brilho dos teus olhos, como se eles fossem o espelho da felicidade, quero sentir o sabor dos teus lábios e o bafo dos beijos.
Os sussurros, os toques, os carinhos, os olhares, as carícias, os gemidos que descontrolaram a ansiedade controlada, tudo serviu para inflacionar o desejo e despoletar o gatilho do erotismo.
Ainda lembro o suor a escorrer pela testa, a língua arder, sobre o teu corpo que se derretia como manteiga e o cuzinho que chamava por castigos. Parecíamos dois bailarinos, enrolados nos sudários, em intensidades desenfreadas, sem regras, nem vontade de pedir perdão, mas apenas de sentir mutuamente o corpo e a alma.
Sem gaguez, trocamos beijos de língua, partilhamos os sexos na mais profunda intimidade e numa envolvência sem limites, como se viajássemos numa hélice giratória, soltei no teu íntimo profundo os espermatozoides enjaulados, enquanto libertavas o líquido do clímax.
Ainda recordo, que relinchei como um cavalo, enquanto ficaste com carinha de anjo e nas paredes lemos os ecos dos odores sexuais.
O tempo não para, está cada vez mais escoado, os desejos ainda se mantêm vivos, os lençóis agora estão frios, a cama vazia, mas os suores e os odores estão presentes e à nossa espera.
Não quero viver do passado, sempre fui um amante do futuro, é ele que alimenta a chama da minha vida e por isso não quero morrer sem novos regozijos, nem que sejam emoções ilusórias.

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