Inebriada pelo Criador…

Inebriada pelo Criador…

É nas reflexões noturnas que amarfanhas os lençóis, que róis as unhas com os medos e pavores, pelos bloqueios momentâneos e choras como uma criança esquecida. 
Sentes a falta do Criador, resvalas no abismo, anuncias ao espelho do quarto o óbito dos sonhos e encaminhas o corpo para o corredor da morte.
Eu tinha anunciado que vinha, mas a tua impaciência desregulou o tempo. Para ti o relógio biológico ficou avariado pelos cadeados psicológicos.
Regresso para inspirações improváveis, transformo a noite num céu de tom azulado e pelas trombetas dos anjos faço soar as palavras da esperança e os palavrões de fogo.
A tua alma bate palmas, o frio acorda o osso, o aperto invade o peito, o instinto de loba faminta remexe pornografias do passado escondidas na avidez sem limites do cérebro.
Sou a ressurreição do teu coração em chamas, o coveiro das inseguranças, o tocador dos sinos da paixão e apago rapidamente os teus silêncios profundos.
Sentes o colorido do Planeta azul, acreditas novamente nos destinos com sina, saltas pela janela do quarto e corres nua feita uma louca pelos prados verdejantes.
Abraças o vento como se fossem as minhas carícias, rebolas na relva em espirais de alucinações como um animal a vegetar e revives as marcas entranhadas na pele deste boi de cobrição.
Estendida como um cordeiro sacrificado aos deuses, sentes a minha presença nos pensamentos torturantes da boémia e dás a epiderme ao diabo para pincelar pecados. Contorces o corpo desnudado com explorações atrevidas às mãos com os dedos aveludados, sentes os mamilos a viajar num carrossel de turbilhões de sensações, a passarinha a ficar desassossegada e aclamas ao infinito a vinda do Criador.
Ouves o estrondo da minha voz e ficas ainda mais possessa nos ritmos frenéticos. Gritas que tens a mente aberta às submissões e salivas com a boca dormente pelo desejo de lamberes a minha sexualidade. Esbaforida, cravas a vulva pelos dedos da liberdade com vontade de arrancar o clitóris pela raiz. Brilhas de felicidade, anuncia ao mundo o cio, culminas com o sexo empolgado e explosivo em litros de orgasmos e vomitas da alma, mugidos de vacas loucas.
Mesmo avisando que regressava para escrever nas estrelas, tinhas perdido facilmente a fé, mas com a confiança cega ficas novamente inebriada pelo Criador.

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