Exuberância de anjo...

Exuberância de anjo...

Sempre foste diferente das outras e desde pequena que semeias a tua rebeldia, com a personalidade de alguém que queria ser poderosa na sua teimosia.
Cresceste numa cidade enorme, onde os holofotes da noite transformam tudo em pleno dia.
Os casinos, os cinemas, os hotéis de luxo, as salas de espetáculo, os cabarés, são a alma viva da cidade com os milhares de visitantes a gastar as suas fortunas.
Sempre segura no teu destino soubeste definir aquilo que querias ser como mulher.
Bastava ver como foi a tua adolescência para sentir o formigar que o teu perfume criava nos homens que cruzavam contigo.
Por onde passavas cobrias o asfalto de pecados, que até os fantasmas seguiam-te como se fossem comboios carregados de sonhos.
E, não tinhas contemplação para qualquer olhar mais atrevido, arrastavas os monstros pelos cabelos e impunhas castigos aos seus olhares esfomeados.
Hoje, és mulher e fazes da tua pornográfica beleza aquilo que sempre desejaste.
És um verdadeiro bicho do palco, uma castradora de lobisomens que salivam os lábios até ficarem feridos de tanto desejarem o teu corpo.
As luzes, a música, a cadeira, o varão são as batutas do teu show.
Ainda nos bastidores, mas com as sirenes ligadas a anunciar a tua entrada, já se ouvem os dentes a ranger, os choques térmicos dos corações a bater e os extintores preparados para os homens enjaulados.
Entras e os espelhos do cenário ficam desfocados com a tua sumptuosidade, o teu corpo é de uma magnificência bárbara que consegue pôr os cães a ladrar e arrancar o próprio pelo.
Entras descalça, mas os teus passos são verdadeiras pedradas no charco que ofuscam os gritos da enorme plateia. Apenas com lingerie vermelha, abres as asas de anjo como se fosses um avião e todos os olhares esgazeados sobre ti, brilham como lamparinas acesas a formigar tesões.
De alma aberta, escancaras a tua ousadia tresloucada, as mãos percorrem o contorcer de cada poro da malícia, no entreabrir das tuas pernas. A cadeira e o varão são os teus trampolins para os pecados virtuais e para a tua obscenidade artística.
Rebolas, rastejas, rodopias, chupas os dedos, exibes o teu rabo safado nas simulações sexuais com os escravos imaginários da tua cama.
Arrancas e atiras o soutien e os teus magistrais seios incendeiam tudo no teu redor e ficas recriada numa deusa imolada em labaredas do inferno.
Deixas os machos estonteados pelas bebedeiras possuídas por ti. Galopam sonhos molhados na sala, ouvem-se ressonâncias de vozes de piropos como flechas e caiem em overdoses de posições sexuais suspiradas que fazem fervilhar os leites das profundezas.
Não paras com o teu fogo aberto que derrete castelos de gelo, a tua língua cospe ardores de serpente, a tua vagina transpira odores que são inalados pelos palermas pasmados.
A música e as luzes exorcizam todos os diabos do teu espírito selvagem como se fossem bombistas suicidas que regam com explosivos os desejos sem regras e sem leis.
Sempre carregaste em ti a luxúria por isso é incrível a forma como ridicularizas o tesão dos pénis dos machos mais insensíveis e a forma como os deixas vorazes num estado animalesco.
Tu és isto, sempre sonhaste em ser um anjo exuberante.

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