Infelicidade escondida…

Infelicidade escondida…

Mulher de espírito sonhador, voava de sorriso aberto e corpo aveludado nas asas dum dragão. Possuidora de uma energia poderosa, dum esplendor corporal atraente, transportava dentro de si um fogo invisível, que naturalmente pela sua ternurenta simplicidade abafava tudo em redor. Uma boneca de porcelana, encantadora, desenhada à mão pelos deuses do Olimpo, que até os poetas desinspirados a desejavam, como musa sedutora. 
Como uma flor sem jardineiro, o destino dela, movido pela falta de atenção, de carinhos, cruzou-se com um furacão de ânsias, que atirou o seu corpo às feras e a alma ao inferno.
Sem chão, com os pés descalços a dançar sem parelha ao som das músicas com notas de dissabores, o desprezo deixou-lhe a sombra abraçada à solidão. Tornou-se num anjo sofredor, com feridas abertas nas asas partidas, com salpicos constantes de sangue na brancura das penas e a voar dentro de uma bolha de tristezas. As dores no íntimo, as lágrimas a pingarem da alma, o ego saturado pelos infortúnios das agonias fustigantes, abriram as portas aos silêncios dos gritos da depressão que se apoderaram dela. Os olhares escurecidos, sinónimo dos desencantos da vida, no rosto a vergonha dos sorrisos de mentira, as ervas daninhas do desânimo proliferaram na epiderme e germinaram sementes de rugas. Cada vez mais uma sofredora lacrimejante, com a angústia cravada no peito, como um caroço entalado, deixou-se vencer pelo esgotamento. Pintou de negro a sua nudez, sentou-se num banco envelhecido, abraçada a si mesma à espera do flagelo final, a morte.
Deitado no jardim do Planeta Azul, amo observar na escuridão, o brilho das Estrelas Brilhantes. Elas, pela sua divindade, fazem das noites, dia e reinventam a magnificência da jubilação deste paraíso. São elas que nunca deixam este planeta adormecer e o preenchem constantemente de harmonia e fraternidade. Os anjinhos da adoração, sussurram à minha sensibilidade, o empalidecer duma estrela que outrora entrou neste éden pelas portas do coração e nele ficou alojada.
Com os sentidos apurados, observo até ao infinito da metagaláxia e lanço palavras ao vento carregadas de esperança. O vocabulário do Criador, são homilias do coração e transportam o amor com o dom de viajar pelo universo até tocar os âmagos mais agonizantes.
Quase no desfalecimento, no térmico da luz da vida, escutas a minha mensagem e sentes um baque intenso na essência. É um chamamento influenciador e enternecedor, que te traz de volta ao virtuosismo da felicidade, matando definitivamente a infelicidade escondida.

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