Sorteio de palavras...

Sorteio de palavras...

Existem coisas maravilhosas e admiráveis neste mundo.
Umas constituídas de matérias solidas, líquidas ou gasosas, mas mesmo assim transformáveis.
Seres humanos, pensantes e racionais.
Mas também criaturas animalescas, que rastejam, ladram, uivam ou simplesmente zurram.
Somos feitos de conceções, de sentimentos e personalidades.
Nascemos num mundo que conhecemos como único habitável, mas acreditamos no além, em vidas noutros planetas e aceitamos cegamente lendas, crenças, religiões ou tradições.
Não foi um de nós que criou as fronteiras, as nacionalidades, as línguas de cada País, mas sim um conjunto de vários “nós” desde os antepassados.
Apelidamos de história, ou coisas do passado, mas que as suas raízes e origens tem influência no “nós” de hoje e com certeza no “vós” do futuro.
Contabilizamos tudo em estatísticas, quantos somos no mundo, quantos são pobres ou são ricos. Tudo em números que nos ditam quase como regras.
Uns em crescendo, outros em diminuição, uns em ascensão outros em queda.
Vivo dos números, mas simpatizo com as palavras.
Eles não têm fim, contam-se até ao infinito. Elas têm limites.
Dizem que o português tem 356.000 unidades lexicais, compostas por aceções, sinónimos, antónimos e palavras arcaicas.
Meti duas num saco feito de roletas de casino, um saco que baralhado dá a sensação de um jogo de bingo, em que tiro à sorte.
Mas são apenas duas, por isso apenas posso tirar uma primeira que a outra.
Tirei de olhos vendados, mas com os sentidos todos apurados.
Concentrado naquilo que sou como ser humano, em tudo que percorri até ser o homem de hoje, revi na memoria as palavras que meus progenitores semearam e cultivam.
Podem pensar que foi sorte ou até batota neste sorteio construído apenas por mim, podem.
Mas uma coisa é pensarem, outra é a realidade para quem tem sentimentos.
Pois, as palavras….
Dizem que as levam o vento, mas não leva, elas alojam-se nas almas, dentro do nosso ser interior, fazem parte no nosso afeto e do nosso respeito.
As palavras sorteadas são duas, por isso não existem muitas contas a fazer e saiu aquela que senti, a que faz parte integrante de mim.
Amizade!
A outra? Essa deixei no saco para quem quiser.
A minha “palavra” distribuí e partilhei por aqueles que vivem no meu coração, na simpatia, no afeto, na ternura e no amor de dar sem querer receber nada em troca. Por aqueles que sei que sentem sem ver e que veem a alma sem ela ter corpo.
Podem perguntar: e a outra palavra?
Essa, é a inveja…
Não quero sequer tirar do sorteador, nem mesmo de olhos abertos!
Mas uma coisa eu vi…
Bastou pousar o saco com a palavra lá dentro e muita gente correu na ganância das falsidades.
Sei como acabam. Atropelados uns pelos outros ou afogados em marés de mentiras e ruindades.
A minha palavra, essa já não a tenho na minha posse porque ela está nos vossos corações e por isso tenho o caminho todo bem iluminado.

Respeite os direitos de autor
 
 
Coronavírus, COVID-19…
17 de Março, 2020
Sonhos das crianças...
26 de Abril, 2022
Crueldades da humanidade…
15 de Outubro, 2019