Jogar ao amor...

Jogar ao amor...

Sem pensamentos ocultos, muito menos com as mãos algemadas, continuo a acreditar nos sonhos como se fossem contos de fadas. Sinto que preciso reciclar desejos e avivar os monstros dos prazeres que me consomem nas insónias desfocadas. Sair deste colete de forças, de voar na imensidão a autografar novas almas e alimentar beijos visionários, como se eles fossem canções efusivas de paixão.
Repouso o pincel, a caneta, até o teclado e tento reinventar novas formas de comunicar contigo.
Talvez seja boa ideia um jogo de sedução, impregnado de perfume e jogado com palavras cruzadas feitas por meio de um giz branco numa simples lousa negra.
Escravo da paixão, atiro corações vermelhos ao ar, como se eles pudessem produzir uma poção mágica e refletir as praxes de gáudios, que outrora batalhamos juntos na cama.
As mãos têm as marcas do tempo, mas ainda tem cravada nas rugas a malícia dos carinhos de quando deslizavam na tua pele e desaguavam na tua foz.
Neste baralhar de sensações, neste vazio psíquico, ouço o silêncio em busca de captar emoções e imagens que não sejam meras ilusões.
Sempre amei ser um criador de inspirações, um decorador de corações e um tatuador de almas, é dessa forma que consigo sentir nos outros, o brilho dos sorrisos da felicidade.
Desde amores loucos, a amantes fantasiosas, sempre ostentei as ousadias mais profundas, com espírito irreverente e travestido de boémio em busca de atrações desmedidas até encontrar almas geminadas.
Olho em redor, parece que estou no Jardim de Éden, apenas abraçado por esta pedra de xisto preta, onde o giz traça finalmente destinos com os três corações em linha, sinal de que vou acabar viciado a jogar ao amor.

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