Lábios de sonho...

Lábios de sonho...

O dia do poeta foi intenso em emoções, dei corda à fantasia, viajei numa montanha-russa, onde os teus lábios, falavam aos meus, seduções num jogo de espelhos colados.
Deito-me nos lençóis com asas, com fome de beijar as estrelas ao som de baladas românticas. O sono não acontece, está agarrado ao relógio voador, com os desejos sempre a girarem, pendurados nos ponteiros.
Custa adormecer, não saís dos pensamentos, deixaste-me um vate enamorado, moribundo, pareço um sofredor de castigos amorosos, com os suspiros em brasa e alienado resvalo no limiar dum adormecimento hipnotizante.
Na escuridão do quarto abro a caixa de pandora, na ânsia de encontrar coincidências comuns que possam descongelar a alma.
Ouço ao longe a serpente assobiar pecados e o quarto é invadido, por uma luz, como se fosse uma bola de fogo.
Entras pela porta do paraíso, com a beleza corporal esculpida em sensualidade, o rosto numa brancura límpida, com o olhar de diamantes reluzentes e um sorriso nos lábios a sussurram todos os desejos que ambicionas ouvir.
Sempre disse que o segredo não é correr atrás das borboletas, é cuidar do jardim para elas virem até mim.
Ansioso, sem discernimento não tenho a perceção do que se passa, se são realidades, ou simplesmente impulsos deste corpo aberto a fogueiras de paixões.
És tu, simbolizada de forma abstrata num corpo de deusa, que com um simples olhar, deixas-me um pecador em êxtase e com arrepios a desabrochar na medula.
Abraças-me com abafos de ternura, dois corpos colados, onde os carinhos pelas mãos, moldam mutuamente, fazendo de nós verdadeiras obras de arte.
De olhar fixo nos detalhes, nos pormenores da boca, nos adocicados lábios, desenhados pelos deuses do erotismo, exultas em mim uma energia para overdoses de ósculos.
Determinada a incendiar a minha boca, de deixar-me impulsionado pela excitação, assumes-te como uma sonhadora romântica incurável. Trémulo, respondo com malícia na voz, não uso virgulas, nem pontos finais, apenas pontos de exclamação e confesso que almejo beijar-te.
Ainda nos rascunhos de beijos virtuosos, já as línguas se babam na boca, inquietas pela dança das salivas em simbiose.
Como dois felinos perdidos na selva, brindamos fantasias e deixamos as respirações subjugadas, quase até à asfixia.
Como um esfomeado selvagem, com os cinco sentidos apurados, absorvo com minúcia a volúpia dos lábios de mel, como se fossem uma colmeia de sonhos.
O silêncio é compassado pelo bater arrebatador do coração e com o sangue a bombear nas artérias, chego a pintar-te nua na minha imaginação erótica.
Com a essência própria de mulher, tens o dom de ler os meus pensamentos, expostos através do corpo desconcertante e inicias beijos pelo meu corpo desnudado, deixando um rasto de carícias tatuadas na pele.  
Com as tentações perigosas a implodirem nas hormonas sexuais, arrepio até nos tímpanos e quando o calor dos lábios se prepara para invadir o genital, sinto a euforia do ego a explodir.
Aturdido, confuso, num misto alucinação, acordo transpirado e numa realidade inesperada, ouço a tua voz meiga e sou reconfortado com o sabor intenso dos lábios de sonho…

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