Malícias ocultas...
26 de Abril, 2024
Ambos vivíamos amarrados aos rótulos de carências, com estados de alma amarfanhados, mas com as mentes abertas para preenchermos desertos vazios pelas vibrações escaldantes próprias dos amásios.
No rebuliço dos lençóis, com a chuva a bater forte nos vidros, trocamos palavras suadas e mordidelas envenenadas nos lábios molhados e com o sabor forte do café.
Como dois piratas, preparados para saquear arrepios, fazemos do quarto a floresta mágica e escancaramos as portas secretas até desvendarmos os segredos escondidos dos poderes da alma.
Contaminados pela obsessão dos prazeres, contagiados pelos ecos dos gemidos, sem ambição de abafar atmosferas barulhentas, devoramos os corpos como duas melgas carnívoras.
Atiramos ao ar palavras de fogo escritas no teto, com o propósito de incentivar os mais intensos pecados sexuais. Cada sílaba é um turbilhão de palavrões autenticamente infames, que alimentam o combustível dos desvarios hipnotizantes.
Com as bocas abertas ao fontanário de clímax’s genuínos e os pulmões sem oxigénio, chicoteamo-nos mutuamente com as vozes roucas em fornicações sem pudores na punição.
Não queremos a clemência dos deuses, nem pretendemos que os anjos deixem de corar de vergonha, mas sim inundar as narinas com os odores lascivos.
Com as peles suadas, os poros expelem labaredas como se fossem vulcões a lançarem a lava ardente e os corpos estremecem em inúmeras efervescências de espasmos.
Abraçados, a viajar a galope na satisfação da luxúria, sentimos o coração a bater desenfreadamente dentro duma panela de pressão e ainda agora iniciamos as nossas malícias ocultas.
Respeita os direitos de autor.
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