Mascarados de requinte…

Mascarados de requinte…

Tudo está recriado no seu máximo esplendor.
As pinturas de Miguel Ângelo fazem dos tetos quadros magistrais, as janelas de enorme grandiosidade pelos seus vitrais, os candeeiros de cristais iluminam como se fossem estrelas solares.
Tudo aos meus olhos é de enorme surpresa e fascínio.
Cada espelho reflete tudo na sua dimensão, a música da orquestra suaviza no soalho encerado, as luzes são magias contagiantes para reviver e viver o momento segundo a segundo na sua intensidade.
Sentia saudades de pisar as pegadas do meu último carnaval em Veneza. 
Já não vinha aqui há algum tempo, mas o impacto sentido é como se estivesse aqui pela primeira vez.
É um carnaval de refinamento, de vaidades dos antepassados.
Era uma forma da nobreza poder sair e se misturar com o povo. Uma tradição secular, feito de silhuetas virtuosas, de disfarces nobres, de vestes de cores vivas e fortes, de secretismos brutais em cada olhar por detrás das máscaras.
Aprecio tudo como se fossem sonhos contagiantes e absorvo todos os entusiasmos dos protagonistas do salão.
A envolvência toda ela é uma fonte para suspiros que a minha alma liberta.
Cada dança dos presentes é sapateado a bater no meu coração e que faz vibrar as minhas veias nas fogueiras acesas.
Gargalhadas folionas, instrumentos de goelas abertas nos sons de encantar, taças de champanhe ao alto em brindes festivos, tudo vícios que explodem em festa.
Surges por entre a multidão como se fosses uma luz, como uma estrela-cadente carregada de ostentação o que me deixa com desejo da ilusão insinuante do teu corpo.
Transportas a fantasia do mistério ardente, os teus passos são imperiais e relançam o meu pulsar para delírios tentadores.
A simplicidade na cor branca do teu disfarce facial, bate forte na cor vermelha da simulação dos teus lábios, com o negro do rendado pintado. O chapéu é um hino ao bom gosto, de aba larga com folhos, tudo na cor viva do sangue. O vestido uma bandeira carregada de magias que liberta cheiro a pimenta forte.
Fico a navegar em pensamentos que mulher se esconde em toda esta exuberância.
Abro o passaporte da ousadia para ultrapassar esta barreira da química e numa vénia junto a ti, lanço o tributo e o prazer para uma dança.
Pego na tua mão encoberta pela luva aveludada, mas sinto que ela carrega as labaredas das tuas energias.
A dança é uma comunhão de carícias de assédios, de fulgores principescos de deleitação, de esplendores de sensações, que me deixam incrédulo pela tua cumplicidade.
Parece que tudo no nosso redor parou para nos ver a desfilar, para beber o vigor da nossa magnificência da dança dos nossos espíritos.
O baile ainda agora começou, mas as sensações essas prometem ser duradouras e divinas nesta fantasia com requinte.

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