Dias vazios, com desejo de viajar nas asas de uma borboleta, de retirar as máscaras silenciosas dos rostos escondidos, não pelo simbolismo dos mistérios, apenas devido ao refúgio das almas despenteadas.

O jantar é romântico na solidão, na tua cadeira coloquei um espelho fictício, desinfetado que reflete sensações imaginárias, dos sorrisos contagiantes das estrelas, algumas com lágrimas caídas no rosto. Acompanho uma bebida espiritual com gelo, as mãos quentes abafam o copo, um trago flamejante na garganta, um misto de sensações gélidas ardentes. A chuva bate forte nas vidraças da janela, num jogo de ping-pong de sons que resvalam no bater deste coração fervoroso e enérgico.

Privado das tentações físicas, da degustação efervescente do frenesim das hormonas femininas, dos beijos melosos intensos, dos banhos disparados pelos gatilhos dos orgasmos, navego em fantasias magnânimas de futuros romances.

Relaxado, alimento o poder do espírito resiliente e abro as gavetas das emoções, onde guardo os frascos perfumados que recebo das deusas.

Sem varinhas mágicas, tento saltar os muros erguidos, as barreiras visíveis e invisíveis, pelas distâncias compulsórias, escrevo em manuscritos aromáticos pela caneta dourada com tinta pura do âmago e exporto sonhos e desejos ao universo.

Em cada frasco coloco as minhas emoções, milhões de aventuras da intimidade, pegadas musicais, poemas eróticos, presépios insanos vivos, suores de adrenalinas e passaportes do amor.

Cada um suspenso com borbulhas saltitantes vermelhas, que numa travessia de pensamentos e alimentados pelo combustível da paixão, são soprados com ternura até cada uma das estrelas.

Não precisam de senhas de entrada, muito menos de bater à porta, cada uma sabe que são   vitualhas do Criador, luz para as sombras das suas almas, hóstias sagradas para os altares das frustrações, cálices de mel para os neurónios perdidos e novos caminhos livres em busca da esperança.

Os armários da tristeza do isolamento, são preenchidos com sorrisos, sinfonias de felicidade, confissões gratificantes e em cada ego floresce incubadoras de excitações.

Predadoras de desafios, de loucuras atrevidas sem tabus, de assédios imortais, tendes neste período de resguardo o equilíbrio emocional das consciências oprimidas.

Em troca recebo a bênção do vendaval de estrelas inspiradoras, as chaves dos vossos corações que caiem na terra fértil deste planeta azul e que serão as raízes do fruto do amor.

Momento de cadeados psicológicos fechados, de sirenes ligadas dos subconscientes apreensivos, de inseguranças sentidas, semeio homilias convictas de motivação e entusiasmos para renascer tempos felizes através das mensagens virtuais.   

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