Intimidade escaldante…

Intimidade escaldante…

Fomos obrigados a amores desencontrados, a traçar desejos na ilusão dos corações apertados. Um período duro de solidão, de amor platónico e vivi constantemente sufocado pela ânsia de tocar o teu corpo de violinha. Sei o quanto desejas ressuscitar felicidades e ouvir os piropos assanhados nos tímpanos, enquanto danças feliz para a lua.
Fechados, mas finalmente, os dois no mesmo quarto, neste recanto do amor e com vontade de fazer dele o matadouro de todas as leis.
Sentíamos a falta um do outro, das nossas ousadias macabras, de fazer do leito um paraíso arder.
És a minha micose, a inspiração do talento picante para malícias insolentes e sempre que penso em ti, sou imolado por uma tesão mental.
É hoje, estamos decididos a sermos uns trapezistas na cama e possessos pelo cio, atormentar o instinto sexual, na tão almejada desforra do tempo perdido.
Abrimos as janelas às labaredas, regamos o quarto com gasolina, cravamos os espelhos com os suores dos olhares de assédio, rasgamos os princípios morais e viajamos no labirinto dos pecados.
Lá fora, espreitam as invejas armadilhadas, as frustradas que nunca saíram da jaula dos sonhos e os machos de pila triste.
Apenas as paredes suadas, serão testemunhas credíveis das próximas horas, em que seremos as cobaias loucas a conspurcar prazeres.
“As prosas da saliva mutilam-se numa fúria de beijos, os sexos chacinam-se pela urticária das línguas, que se embebedam nos bebedouros do prazer. A excitação é mundana, as alucinações infernais e com as adrenalinas em êxtase, destruímos o dicionário da imoralidade através das palavras indecorosas. As unhas cortantes, as mentes atravessadas, os espíritos  em transpirações molhadas, transformam a paixão em brasas e os perfumes em orgasmos. Os dedos como servos às humidades do clitóris,  a boca engasgada no prepúcio, são o início do hino à mestria dos sexos, numa orgia para devorar cardápios das posições sexuais. Os beijos não param, os bicos mamários badalam obscenidades, as mãos escorregam nas epidermes impregnadas de odores nauseabundos a sexo e no quarto erguem-se monstros de fogo. Santinha, corada, vendes a santidade ao diabo e com os joelhos em sangue das posições perniciosas, súplicas que expluda os buracos, com esperma quente. Com o pénis espetado até ao tutano, inunda a vulva insaciável e o esfíncter flexível”.
A noite ainda é uma criança e as paredes mesmo cegas pelo escorrer da lascívia, continuam como observadoras desta abrasadora, intimidade escaldante.

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