Pensamentos ao vento…
23 de Janeiro, 2020
Feliz, de bem com a vida, despido de vertigens cruzadas, sem fome de vergonhas, mordido pelo fascínio do fôlego infinito, trouxe comigo apenas um saco com beijos. Um pedaço de nada para o comum dos mortais, mas para este legitimo poeta é uma fábrica de sonhos e inspirações.
O dia está calmo, frio, mas sinto vontade de soltar a solidão da gaiola, de destruir saudades de uma vida vazia.
Aqui estou, sentado de frente para o mar a tentar ouvir o tamanho dos ecos, quem sabe até pescar corações como os homens do mar com fé. Os meus olhares são sorrisos trazidos do convés de sentimentos, devoções invejadas por muitos homens loucos nas apostas perdidas em batalhas da verdade.
Sempre escolhi os meus sonhos, as palavras que desejo consumir e nas ondas altas do mar fico a imaginar as poesias das gaivotas a voar na liberdade. O vento resvala na minha face, move as velas dos moinhos e faz correr as nuvens passageiras para outros lugares. Uma chuva de harmonias, como sussurros musicais que trespassam os meus ouvidos, tudo arrebatamento para cultivar dentro do peito o nobre sentimento do amor.
Um mundo ilimitado em redor deste lugar presunçoso, onde tento interpretar um personagem de silêncios, com vivências de esperança de amar e ser amado.
É nesta loucura insolente que deixo embebedar pela tua presença, como um oceano ignorante e abro mais um capítulo do livro para contar estrelas, que em redemoinhos se transfiguram de anjos perdidos em demónios ofegantes.
Sem filtros na memória, vejo as pegadas de luz da tua alma que se aproximam, sinto o teu corpo colado como medusas e numa obsessão descontrolada batizo os teus lábios com beijos molhados.
O lugar encanta, é mágico, a tua presença abre o meu coração como um bisturi e deixa tocar os sinos dos céus em sintonia com o bater das ondas.
Uma terra do nunca, um cenário de arrepios na espinha, voamos nas asas de borboleta com pensamentos eróticos e dormimos juntos no purgatório dos sonhos.
As bocas são de mel, as conversas malícias entre o ás de espadas e o ás de copas, famintos pelo carrossel do sexo, deixamos viciar os desejos com suores dos orgasmos nesta corrida sem lei.
Descalços na areia fina, entrelaçamos os dedos em confissões de submissão de espíritos indomáveis, deixamos a faísca da escravidão dos prazeres narrar chamas intensas e somos imolados pelas labaredas dos gemidos.
Pensamentos livres ao vento neste estado de alma, que apenas tem como testemunha o farol que ilumina o coração.
Respeite os direitos de autor
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