Ninho de sonhos...

Ninho de sonhos...

Manhã de primavera, um frio húmido da maresia num contraste com o sol entreaberto e aconchegante.
Sereno, com o cheirinho do café pousado à minha frente a invadir as narinas, os dedos tateiam a mesa como um cego a escrever em braile e tento descrever palavras numa surdez silenciosa.
Tenho o mar como pano de fundo, a imaginação a voar nas asas das gaivotas, na ânsia da fantasia agitar ondas gigantes.
Na minha timidez perdida, deixo divagar os pensamentos erosivos, aqueles que fazem corar a imaginação, que deixam a garganta seca e as pernas trémulas. Absorto nestas criatividades misteriosas, as frases desenrolam-se como formigueiros na alma, são desejos perdidos como um barco à vela a navegar à deriva contra o vento.
Sinto-me sôfrego por um abraço fervoroso, por respirar o oxigénio perfumado em vez de estar aqui na solidão a engolir mosquitos, enquanto olho para a imensidão.
Fico a pensar em ti, como se fosses um diamante em bruto, talvez seja o cio que corrói como um cancro maligno, ou a falta do ópio para conceber o elixir da felicidade.
Divago nesta explosão de delírios, onde sou atingido por estilhaços dos teus orgasmos e tento abrigar-me no teu magnífico sorriso. Nesta utopia, surges como trovões que rasgam os lençóis, como um rastilho de pólvora para explodir o paiol do amor. De túnica branca, tapas apenas parte da nudez, a beleza é um corrupio de odores a rosas e ofuscas-me pela brancura da candidez.
Sinto o pulsar das promessas de beijos, deixas-me a voz de anjo arrepiada e apenas consigo falar contigo com os olhos, mas talvez consigas perceber tudo o que tento sussurrar-te.
Quero possuir-te, deixar-me enlouquecer pelas festinhas corporais, nas promiscuidades das salivas, nos toques com sagacidade dos lábios e agraciar a intensidade da imponência dos seios.
Surgem nuvens negras no horizonte, ouço os gritos dos deuses irados, que pressentem as cócegas maliciosas que sinto nos genitais.
Não sei se são ilusões, ou tudo fruto das quimeras pecadoras deste poeta vagabundo, mas vi-te a sair dum ninho de sonhos…

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