Alma viva (insana)…

Alma viva (insana)…

Aqui não se discute ao metro quadrado, mas luta-se e guerreia-se ao milímetro por um grão de areia. A baía do mediterrâneo é fabulosa com toda a sua envolvência e cada espaço é marralhado de forma enérgica para estender a toalha. As escarpas são enormes e de uma beleza própria da natureza selvagem, mas os prédios que construíram em cima demonstram a selvajaria humana. Mesmo assim, cada traço da simbiose das encostas e das criações modernas proporciona um cenário digno de contemplação.
Vim para relaxar, para deixar aqui o stress emocional enterrado nestes milhões de grãos de areia e apagar as escuridões do íntimo sofredor no fundo do mar.
A praia, o sol ardente o mar são os temperos desta salada de emoções, mas o segredo desta receita imaginaria és tu, mulher.
Aqui cada rabisco feminino tem contornos desenhados por vários pintores e artistas, pois cada uma é diferente da outra. Desde os tons da pele, aos desempenhos físicos na sua estética, até às várias línguas que se ouvem rasgar por entre a multidão.
Aqui está representada toda a Mulher universal.
Sinto-me uma sentinela a farejar e a rastejar cada teu pestanejar na escolha da amante preferida.
Em cada olhar espelho um esgazeado de sorriso rasgado pelas fanfarras de sonhos que recrio em cada corpo. Os bikinis vela super reduzidos, fazem-me velejar em barcos carregados de pecados sem amarras. Os toplesses soltam os bicos dos seios como bebedouros de machos e os corpos molhados criam paralelismos para humidades dos teus orgasmos.
Fico um galo esganiçado no meio deste zunir de abelhas e em cada onda o meu corpo parece um barco à deriva.
Abro os meus desejos por cada uma delas como se o meu sexo fosse uma caixa de esmolas e com olhares macabros espreito o teu íntimo e exploro o teu corpo.
Talvez seja visto pelo prisma delas como uma gaivota esfomeada a voar como pássaros de papel e que a todo o momento pode cair contra os penhascos. Mas desejo sentir cada pulsar da fome do sexo, sentir os pulos das hormonas até fazer pinturas de guerra com tintas feitas de mel.
Imagino fazer da praia um convento de freiras e morder cada uma delas como um pitbull. Ser de novo um boémio de amores e trocar os sprays dos protetores solares pelos esguichos dos meus orgasmos na tua pele queimada pelo sol. Amarrar os teus cabelos que esvoaçam ao vento e fazer de ti uma matadora de bichos, uma musa do poeta e brindar os teus seios com uma espanhola até sentir os tremores no coração.
Esticado na toalha como Cristo na cruz, de relógio parado, ouço em cada traseiro as palmas das nádegas e bebo em cada vagina que circula as glórias das suas fornalhas acesas.
Heresia sei, mas tudo arbítrio desta minha alma viva e insana pelas vaginas sanas.

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