Prazeres molhados...

Prazeres molhados...

Tenho pintado páginas em branco com os ecos dos teus gemidos, enquanto tens adormecido sobre os meus poemas a sonhar com os gozos do passado. Os lençóis desesperam pelos suores dos nossos corpos nus e pelas sacanagens excitantes. Até os espelhos choram pelas saudades dos embaciamentos. Os vizinhos invejosos estranham o silêncio do meu quarto durante a noite e ultimamente os olhares escondidos dos punheteiros tem-se desvanecido nos vidros escurecidos pela solidão.
O tempo têm-nos enredado neste labirinto dos desencontros, mas não deixaste de ser a gloriosa atrevida desejada, nem eu de ser o diabinho tentador de fétiches.
Estamos ávidos e abertos por novas ousadias, adoramos partilhar a simbiose de afetos e por meio de jogos desafiadores preparamos diariamente a escada do purgatório para atingirmos o pecado.
Acordo com estímulos da paixão, um tesão corrosivo, uma fome por possuir-te, que me deixa com os miolos a ferver em fantasias vertiginosas. Fico a imaginar os teus pensamentos, entro em monólogos, como se as sombras nas paredes fosses tu e as palavras saem em catadupa, soluçadas pela sofreguidão da loucura.
Sei que desejas ser aquilo que és, mulher totalmente de corpo e alma, doce, submissa às doideiras e aos fulgores insaciáveis duma imaculada fodilhona. 
O momento chegou, os espelhos sorriem, as luzes piscam, a música suaviza-se pelo romantismo das canções e as borboletas encarregam-se de perfumar a suíte.
Por via dos olhares sedutores, rasgamos as roupas como animais enfurecidos, os corpos entram em erupção pelo entusiasmo das fantasias e as hormonas chocadas pela orquestra, aclamam bacanais com luxúria.
És um misto entre o açucarado e uma matadora de machos, enquanto eu sou o incurável erótico apaixonado por prazeres.
Com surpresas abstratas, as bocas ficam secas, as mãos ávidas nas tentações arrepiantes em dedilhar as epidermes, os sexos assanhados por se fundirem na perversão e abraçados, mergulhamos na cama para os jogos de glamour.
Vestido de lambedor das tuas zonas erógenas, absorvo, com a língua, o clitóris, até desflorar a virgindade dos poros, enquanto entranhas entre os lábios vaginais os brinquedos exploradores lubrificados. Perco-me em desvarios de beijos na tua flor sexual e com a língua de sardão desfruto do néctar da libido.
Os corpos estremecem, os egos enlouquecem, as almas entram numa erupção sem controlo e os sinais da carne são evidentes, com a vagina encharcada a implorar pelo membro assanhado.
Com os olhares fixos um no outro, centímetro a centímetro, és penetrada até ao último milímetro do pénis esbaforido. As estocadas em sintonia, num galopar sem travões, despenham-se em orgasmos violentos e os lábios desidratam-se pela partilha dos líquidos do prazer. Num puzzle sem vergonhas, numa troca de novos e exuberantes preliminares, caímos no pântano das labaredas. Sem pudores, imploras ousadias intensas e desafiado, desabrocho impiedosamente o teu esfíncter com castigos até derramar o sémen tresloucado.
A ternura, a meiguice, a entrega, a fusão dos dois corpos, a osmose do prazer é combustível inflamado para continuarmos a nadar no lago dos múltiplos prazeres molhados.

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