Regresso à escrita...

Regresso à escrita...

Regresso à escrita…
Tão bom regressar das férias, vir com o balão cheio de energias e com a alma impregnada de novos sonhos. É assim que me sinto, solto, enérgico, com o ego perfumado, um betouro à solta preparado para espalhar poesias originais.
Adoro abrir a alma, poder libertar os ecos que se passeiam dentro dela e cantar ao mundo, aventuras de esperança, através da magia das palavras. Ser este contador de histórias, um poeta vagabundo, ser o boémio erótico, é algo que me fascina profundamente. Junto palavras, recrio frases, faço dos parágrafos confissões de blasfémias, ou almejar simplesmente o preenchimento de uma pauta no altar da harmonia humana. Sempre ouvi dizer que as mentes não se conquistam com guerras ou ódios, mas com o amor, por isso sirvo-o numa bandeja dourada.
Gosto de ser este vendedor ambulante, que pela virtualidade das redes sociais, tento tricotar beijos, criar lampejas de luz, até nas sombras das casernas mais sombrias e assim abrir corações à arte de amar. Alguns podem julgar que vivo escondido nesta selva, quiçá dentro de um sapatinho da vergonha, mas estão bem enganados, porque os meus uivos são ruidosos e só me sabe sentir aquele que acredita na bondade.
Deste lado da tela, também sou um sofredor de carne e osso, já renasci de vitórias inglórias, embora também tenha as minhas temperaturas febris nos momentos íntimos da paixão.
Venho revigorado, trago na algibeira ventos enrolados às emoções, tempestades de carinhos e sem lamentações desnecessárias, vou afiar a língua com luxúrias.
Para quem me conhece, julga-me pela vida de lorde que pensam que levo, mas muitas das vezes também tenho de pedalar contra os tufões e nem sempre consigo baloiçar descansado no fontanário dos desejos.
Embora tenha um espírito bairrista, nunca fui um fadista e todos os dias, esforço-me por ser livre, viver como um pássaro fora da gaiola, porque o verdadeiro escravo é aquele que vive com a ilusão da liberdade.
Depois deste intervalo na caligrafia, tenho os pés cansados e adormecidos. A viagem foi longa para este peregrino de Santiago, sofri tentações perigosas, mas como sempre contra a força não há resistência e sobrevivi a este período sabático da escrita.
Preparado para viajar no espaço da fantasia, com a boca cheia de mel, trago na mão a caneta e o dicionário tântrico debaixo do braço neste regresso à escrita.
Preparada(o)s para as novas aventuras do Criador de desejos?

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