Silêncios amordaçados…

Silêncios amordaçados…

És um cofre carregado de desejos, uma pauta escrita com canções românticas, uma luz que nunca será apagada.
Tu sabes disso, mas o destino foi cruel e traçou lágrimas penosas no rosto.
O Satanás feito homem tolheu o teu ser, a tua essência feminina. Ele, foi constantemente uma guilhotina a cortar os teus sonhos e regava a tua beleza com o combustível das frustrações.
Estavas apaixonada, o amor é cego, turbou a tua lucidez e ajudou a apunhalar a tua felicidade.
Os teus sonhos, eram dançarinos com asas nos pés a dançar num campo aberto de girassóis, mas tudo mudou num instante e transformou-se num purgatório dos sonhos.
Deixas-te desrespeitar o íntimo, ficaste subjugada à voz do cão a rosnar e a liberdade passou a ser apenas fantasia.
Eras um anjo em cera, bela, pura, perfeita, mas que gradualmente derreteu com os maltratos infringidos pelo bandido sem escrúpulos. Bandido, uma palavra pequena e vã para um monstro enorme.
Aprisionou-te desde o dia que julgavas ser o mais feliz da tua vida, o casamento. Hoje, nem o queres recordar, traz à memória transtornos cruéis, situações subsequentes que foram fatídicas e que acabaram por tornar-te numa estátua de medo decorada com situações de pânico.
Ele, não era apenas um homem insensível, era um animal e tinha tudo escrito na testa.
Quando eras escravizada no colchão, como se fosses somente carne recetiva, pensavas ser tudo paixão e o amor cegou-te.
Os gemidos, não eram prazeres! Eram ecos ensurdecedores da dor que irias sofrer no íntimo durante muitos anos pelo domínio imposto.
Passaram décadas, até perceberes, que precisavas de desinfetar o ego, de gritar com as goelas bem abertas que és mulher e mereces ser feliz.
Os dias foram clarões da noite e as escuridões dias de tormenta.
Está tudo escondido nas memórias e ainda sentes o cérebro a ranger, quando queres soltar um sorriso. Sorri, que ele é encantador, brilha e tem o dom de gelar o inferno que passaste.
A tua alma nunca mais fechará as brechas das lembranças horríveis e ainda segreda as vozes que estilhaçaram desgraças. Faminta de viver, ganhaste coragem, soubeste superar o sofrimento, foste decidida e deste um passo de gigante em frente. Finalmente és livre como uma borboleta a voar com as tuas próprias asas.
Agora, cada dia não é um novo buraco sem fundo, mas uma cratera de esperança, de entusiasmos e nunca mais vais deixar os silêncios amordaçados.
E, tu vais?
   
Respeita os direitos de autor.
Sonhos românticos…
14 de Setembro, 2022
Justiça perversa...
15 de Abril, 2021
Desejos ilusórios....
17 de Abril, 2023