A noite tinha sido de emoções fortes. Sentiste a pressão de todos os olhares em ti. Tu foste o foco das atenções na tua exibição. Toda a coregrafia do teu corpo provocou euforias e silêncios. Deslumbraste no cenário das representações como uma verdadeira rainha do lago dos cisnes. Os pântanos, os charcos, os nenúfares nunca foram demais para os teus pés dançantes.

Uma verdadeira vilã dos palcos na sensibilidade rocambolesca, que provoca implosões até nos olhares invisíveis. Na ponta dos pés tens o serpentear fantasioso e teus saltos provocam euforias nas veias de quem assiste. As musicalidades soadas na simbiose dos teus movimentos abrem portas da ilusão na consagração do requinte. Tudo perfeito na tua atuação, as cadeiras não serviram para sentar, pois os aplausos foram frenéticos na ovação de pé.

És um monstro em palco, uma verdadeira obra de arte na agilidade de dançarina.

Agora, deitada na cama, no merecido descanso, ainda sentes a nobreza do teu espírito palpitante, o cheiro a balsamo do teu corpo e os ecos estridentes dos aplausos enlouquecidos pela tua encenação.

És a rainha da magia na caixa teatral, mas uma sofredora de emoções e sentimentos no teu íntimo. A tua ousadia representativa esbarra na tua timidez social.

A janela aberta, deixa à vista a serenata das estrelas pitorescas no seu brilho e abre caminho à brisa suave que carrega estalidos de magia no ar.

Caís no sono profundo e teus poros libertam o respirar de uma menina doce por fora, mas de íntimo ardente. Entras no mundo dos segredos do arquivo da mente, no convés dos desejos do pandemónio das feromonas aquecidas.

Teu sonho que encarnas nos rastilhos dos prazeres.

“Amores legítimos, prados de cordeiros, gavetas de erotismo, ilusões do coração, tentações fogosas na fornalha da vagina. Seduzes evasões das audácias corporais, nos tateares das mãos quentes e nas façanhas patrióticas das penetrações dos homens”.

Teu subconsciente é idolatrado na fantasia, nos momentos depravados românticos que teu consciente deseja.

“O feitiço do amor beija teus pés, chupa teus dedos, provoca silêncios nas zonas húmidas como se fossem flechas de desejos. Os anjos sussurram arrepios no osso, cãibras nos lábios e diversões das hormonas nos pontos nevrálgicos. Os filhos do demónio espetam teu corpo e ficas possuída pela lava ardente dos feitiços do cio, mordida pela loucura e sentes a boca devassada pelas ereções loucas masculinas. Os deuses banham teu corpo pelo semem derramado pelos teus suspiros de desejos iludidos do sonho”.

Acordas suada e seduzida pelo piscar do teu clímax.

Um sono de sonho na tua cama, na tua estufa repousante, uma pia que batiza os sonhos com asas.

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