Sons na cascata…

Sons na cascata…

Nunca soube tocar.
Mas sempre tive o dom de saber escutar as maravilhas dos sons. Os instrumentos podem ser divinos, verdadeiras joias e imponentes nas mãos do músico. Mas quem ouve, sente o silencio na alma, mesmo perdido no deserto. O espírito abre-se na sua graciosidade, mesmo sendo um cego eclipsado. Gostava de tocar para ti os instrumentos feitos de cordas e penetrar teus sentidos na cortesia romântica. Lançar sonidos cristalinos e sentir teu furor da intimidade. Fazer correr dentro de ti a musicalidade da sensibilidade até transfigurar teu cérebro nas evasões sonhadoras. Posso estar na elegância do fato clássico, mas descalço na candidez angelical. Estar sentado na cadeira dourada do trono, mas com o coração carregado de afetividades amorosas. Os desejos pelo teu corpo podem ter muitas aventuras perigosas, mas a mente essa vive a melancolia da paixão.
Mas não sei tocar.
Apenas sei sentir as batidas do coração, lançar o fogo de beijos como se fosse um canhão patriótico na defesa das suas fronteiras. O meu império não é de imperadores, mas sim de cavaleiros gloriosos na valentia de amar. Meu mundo pode não ser de oceanos sem fim, mas apenas de cascatas da fantasia, onde os limites das entregas corporais, nos darão banhos de façanhas aprazíveis e viçosas. Mesmo nos momentos mais depravados os sons nunca serão de instrumentos, mas de labores mútuos com culminares inesquecíveis. Serei sempre audaz mesmo nos momentos de ventos das frustrações e nos orvalhos das nuvens negras, mas vais sentir a beleza dos morcegos de dia e o deslumbramento das borboletas no luar.
Quem sabe um dia saberei tocar.
Mas saberei sempre transpor as palavras na tua vida íntima. Cravejar teus sonhos de provocações na perfeição. Desafiar teus pensamentos em audaciosas adrenalinas e picar tua consciência para o teu despertar da existência da luxuria carnal. Fascinar tua autoestima para elegâncias generosas de sentires minhas imponentes e preciosas fidelidades imortais. Saberei tatuar no interior de tua pele as palavras que sempre semeio, para esse teu coração mesmo sem saber ler, as saber arrebatar na totalidade. Dá-me a tua mão e ouve o meu trompete falante, sente os sons mergulhantes desta lagoa de águas azuladas que carrego nas veias e sentirás efusivamente os sabores do meu amor por ti.
Posso nunca saber tocar, mas sei e saberei sempre ser o trovador do amor nesta cascata feita de vida.

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