Apenas palavras...

Apenas palavras...

Tenho andado a viver prazeres transitórios, como se estivesse a passar uma fase de obsessões próprias dos ébrios, ou simplesmente travestido num vendedor de buracos vazios. Sinto-me um sonâmbulo na neblina irreal, com dúvidas, se estou acordado ou se a sonhar enquanto durmo, mas se forem sonhos, são de olhos bem abertos.
Tem momentos que acordo com medo de ser excomungado, ou morrer após ingerir água benta envenenada, ou quiçá por uma nova peste-negra, eivado pelos panfletos das hipócritas glórias.
Tento esquecer os abismos da tristeza, por isso aqui estou de novo envolvido pela escrita, ela é o leniente que preciso para a alma e é através do vocabulário que confabulo as histórias mais contagiantes.
Tenho no subconsciente vários mistérios, são profundos, com imaginações por vezes até absurdas, que convivem com pensamentos dos antros de perdição, pelo que decidi defumar a sacristia bibliotecária e cantar aleluias, enquanto os anjinhos dançam com o Belzebu.
Não quero ser escravo do destino, apenas abraçar a essência da realidade e domar as emoções a escrever.
Componho para o mundo, acredito que por via das palavras, consigo acordar os corações gélidos, abafar a compaixão moribunda, desmantelar os egoísmos vaidosos e escutar os silêncios da vergonha.  
Sou este menino, sempre fascinado pela felicidade humana, mas na realidade não passo de uma minúscula gota no oceano, mas mesmo assim sofro constantemente da comoção desmedida.
Sei que os livros são a companhia na solidão diária de muitas almas vivas, para eles os dias fogem a uma velocidade fora da lei e para aquecer os seus íntimos deixo de coração aberto, apenas palavras…

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