Submissa do Criador...
Ainda lembro bem o dia em que entraste no planeta azul. A forma impetuosa como subiste na tua nudez total ao altar do batismo. Os teus olhos brilhavam como lanças de vitórias, os teus seios enrijecidos apontavam sumptuosidade para futuras conquistas e o teu corpo reluzia jubilações.
Faz tempo, mas está tudo ainda bem fresco na minha memória.
Contigo até hoje, tudo foi construído em entregas aos memoriais da ardência física, aos inesquecíveis excelsos momentos de requinte na devoção das nossas hormonas da efervescência.
Uma deusa do improviso, da maledicência, surpreendente e sempre a ansiar sentir os prazeres mais profundos na carne e na alma. Reinventas todos os dias ledices que surpreendem os meus mais recônditos e imaginários pensamentos.
Conheces e sabes todos os mandamentos deste paraíso, sabes que aqui não existe a lei de Grey, aqui não existem imposições do Criador à mulher.
Mas tu foste arquitetando o teu quarto com disciplinas de dominação, de escrever nas paredes, contratos selados com palavras de ordem para honrar o teu dono na sedução do poder dominante.
Não o sabia, mas sentia pelas tuas posições escandalosas no manjar dos prazeres que deixavam incrédulas as estrelas e bafejavas ideias com as células desgovernadas.
Chamas por mim ao teu aposento, onde esperas sentada completamente nua na cadeira elétrica envolta pelas lamparinas acesas e apenas subjugada por uma coleira ao pescoço.
Sinto um estremecer profundo dentro do meu peito, com a obra de arte, com a luxúria burlesca da viscosidade do teu olhar.
Gritas que estás para obedecer, para suplicar, para seres castigada nos cinco sentidos.
Que não queres as leis de amar, mas as leis das procissões da heresia, da impetuosidade, das obediências radicais, da entrega livre ao Criador.
Lambo os teus pés com o desejo da atração como se fosses novamente batizada, mas agora como a submissa atrevida.
Abre-se o livro virtual, onde o teu corpo é transformado numa salada temperada com litros de sabores de orgasmos.
Rasgam-se as montras do pecado e em posições obscenas aprisionada pelos cadeados e as algemas imaginárias, anuncias os teus cios e chacinas os anjinhos do amor.
Mergulho os dedos com bravura nas tuas entranhas profundas e as palmadas estridentes fustigam a pele rosada das tuas nádegas. Arrepias nas coxas e a vagina esfomeada é penetrada sem freios da razão e ficas a tocar a rebate pelos sinos do clitóris.
Iniciamos sermões aos deuses da depravação, cheiramos a sexo nos gemidos com dor, mas contigo sempre a suplicar por mais.
Cravejamos os tetos com cuspidelas de orgasmos, deixamos os delírios serem refletidos nas sombras dos espelhos e nas paredes escorregam salivas de poesias alucinadas da dominação.
Pediste para ser o Criador dominador, um deus na imposição das ordens da dor carnal, sei que o sentiste, mas dentro de mim, carreguei sempre uma entrega submissa escrita pelos sentimentos da alma.
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