Tempos estranhos...
30 de Janeiro, 2024
Talvez esteja a ficar velho, acredito que os sintomas da idade moldam as pessoas, ficamos mais receosos às mudanças e sensíveis até quando nos olhamos ao espelho.
Mesmo tendo noção que os anos não perdoam, continuo a lutar contra o envelhecimento, não do corpo, porque esse é irreversível, mas o da mente e essa só se perder a sanidade, caso contrário tudo farei por manter a lucidez.
Vivemos tempos obscuros, em que o banal se tornou o normal, em que a moderação e ponderação da diferença humana são vistas como negativas. Hoje já não se festejam as ideias realistas, mas vemos os idiotas a festejarem constantemente as banalidades.
Não podemos, nem devemos ser todos iguais, deve existir massa critica, ideias próprias e viradas para o futuro, mas que não sejam desconectadas da sapiência.
Cada vez existem mais “otários tristes”, que procuram a felicidade dos manicómios, quando se identificam com o “nada” ou simplesmente com um animal. Ladram, latem, uivam, miam, cacarejam e manifestam-se como se fossem animais. Outros exigem um tratamento diferenciado e a criação de novas palavras para o dicionário, pois identificam-se como pessoas neutras, como fazem questão de referir. Não são “ele” ou “ela”, são “elu”, não são “amigo” ou “amiga”, mas “amigue” e em vez de “namorado e namorada”, são “namorade”.
Será inteligência emocional? Serão frustrações das pessoas sem classe intelectual? Ou puramente sinais dum tempo, diria de novas elites estúpidas?
As palavras de ordem andam constantemente por aí, nos palcos das futilidades e famintas de exibicionismo.
Estamos a transformar este mundo fantástico, em vários cantinhos miseráveis e que aos poucos se vão anexando numa bolha única e execrável.
Até a classe política mundial, é de um amadorismo franciscano, de uma pobreza espiritual e cultural que as vozes que lançam para o mundo são meras leviandades.
Nos céus já não se veem as andorinhas, que eram as anunciadoras do início da primavera, hoje só vemos os fumos dos aviões que por vezes formam no ar a abstrata palavra “socorro” e infelizmente o vento trata de a espalhar.
É a espuma dos tempos, com as portas do inferno totalmente escancaradas e os ditadores, as aves de rapina castradoras dos sonhos dos outros a sugarem tudo para o caldeirão em ebulição.
Não devia pensar tanto no “amanhã”, alguns dizem que quem vier a seguir que feche a porta, mas quem vem a seguir são os nossos filhos, os nossos netos e se não lutarmos por eles, não estaremos a dar-lhes um mundo melhor.
É urgente refletir, porque sem adultos na sala não haverá juízo, principalmente quando estamos a viver tempos estranhos.
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