Senti sem ver...

Senti sem ver...

Ávido de sensações, de prazeres promíscuos, de pecados ardentes, tudo provocado pelas ebulições hormonais do corpo, como se tivesse jantado malaguetas.
Mas a alma está em sentido oposto, sente-se comovida, ansiosa e retraída em segredos de meditação interior como se habitasse num santuário de anjinhos.
Um paradoxo este barómetro constante entre o corpo e a alma, chegam a mutilar-se com as navalhas da rebeldia e da submissão.
Sei como sou no meu juízo ponderado, por isso prevalece a força do interior, a balança da minha razão impera, que mesmo arrepiado para inspirações dou asas às pinceladas no subconsciente.
Repouso numa respiração pausada e navego nesta noite calma e com muitas estrelas a brilhar. Deste miradouro idílico, olho uma a uma e o meu espírito é reverenciado e instigado pelos limites dos seus banhos de luz.
Caio num sono de menino, mas com a sensibilidade a arfar por momentos de magnetismo da intimidade e das essências dos jogos de sedução.
Gotículas de suor correm o meu corpo, suspiros de carências borbulham nos poros, sensações ilusórias fortes vagueiam nas veias, tudo pelos teus acenos doces.
Ouça as pegadas carregadas da nudez do teu corpo, a tua sexualidade sagrada nos aromas da virgindade e que traça a respiração. Pressinto nos silêncios dos cenários noturnos os assédios imorais masculinos, para mim tributos pelo fascínio, luxos emocionais por seres graciosa e imaculada.
Abres alas, percorres os labirintos cheios de cartas de amor, elevas fasquias de vícios privados e inauguras festivais de olhares com a nobreza do teu charme desmedido.
Não te vejo, mas a telepatia ilumina a estrada por onde caminhas e deixo os sentimentos voarem pousados no baloiço do amor.
Pelo inalar da tua fragância trazes tudo contigo, as tentações delirantes, o romance da felicidade, os sonhos de seres feliz, os desejos de alimentar as batidas do coração com abusos diabólicos sem travão.
És fogo que arde sem se ver, és paixão nos teus atos de coragem pela liberdade, és oradora de poemas perfumados, és vida que saliva gritos de prazer.
Este ego apaixonado alimenta-se de afetos pela veneração e atração nos teus sorrisos de deusa, por isso deixo as emoções navegarem em mares de rosas.
És uma dádiva desenhada numa escultura indefinível pelas mãos de Deus, projetada através da costela do homem e que as tuas delicadezas sedutoras deixam-me a trincar os segredos afrodisíacos da tua intimidade.
Não te vi romper o quarto nos sonhos, mas sinto que entraste e amo sentir mesmo sem ver é sinal que a alma respira e o corpo vive.

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