Abraços escondidos…

Abraços escondidos…

O silêncio é vibrante sem a máscara da folia, mas consegue iluminar os pensamentos dormentes.
Viajo no tempo em cima deste cavalo branco, que galopa ressudado, enquanto esmaga tristezas com os cascos marcados no areal molhado. Levita o pó das lembranças vividas, vinca profundamente as paixões que deixaram pegadas de amor e que ainda faz flamejar labaredas sem controle.
O relógio agora parado cria dúvidas neste arejar de espírito e do mar apenas ouço o som abafado das ondas, breves prenúncios cinzentos. Cavalgo neste matadouro de felicidades, sinto os descontos da vida com apetite de emoções, fico um esgazeado irrequieto, sem o juízo de criança para ser feliz e com ânsia de oferecer as chaves do coração em leilão.
Nem os soluços do prazer buliçosos conseguem parar o cavalo, a brisa essa, sopra redemoinhos de vento, enquanto mastigo urtigas e grito vícios de regabofe ao infinito.
Passa uma joaninha que voa neste paraíso azul, pergunta pela minha roupa, respondo, que penhorei o vestuário com as virgens perfumadas e as vaginas encharcadas. Estou nu, eu sei, mas escovei e engomei a pele, lavei a alma com lágrimas salgadas e transpiro fome que o corpo lavra, na avidez de sofrer da magreza de galgo.
Passam borboletas, libertam perfume no ar, as andorinhas já vão longe, dou “olás” aos cães deixados no vazio da solidão e escuto promessas de beijos nos jardins proibidos.
Vivo agarrado num pêndulo que balança equilíbrio emocional, dum lado a razão, do outro apimento desejos com água na boca, regados pela química dos palavrões e clamo atrações fatais das relações inesquecíveis.
Não estou a brincar aos filmes de banda desenhada, apenas a sonhar com paixões fora de horas, lançadas pelos dados das memórias e das glórias dos fascínios amorosos que se esbatem no espelho distorcido.
A energia do desejo é atómica, solto as rédeas ao cavalo, esbaforido não pára e voa disparado nos trilhos do céu carregado de estrelas brilhantes para amar, mesmo neste período de abraços escondidos.

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