Anjo da guarda...

Anjo da guarda...

Foi noutros tempos, um sofredor perdido nas rotundas psicológicas sem saída, nas depressões vazias da solidão, nos esgotamentos nervosos pelo stress do cansaço e dá um fortíssimo valor ao abraço, às palavras e ao ombro da amizade.
Talvez tenha sido fraco, momentos ocos, sem chama interior e acabava todos os dias por carregar a própria pá do coveiro, sem ter noção da força brutal que existia dentro dele.
Agora em cada brilho esmorecido análogo, defende a causa como se fosse a sua sombra e luta para iluminar o dia e a noite da vida dos outros.
Vestiu o espírito da vitalidade, ressuscitou o Criador, escancarou os portões do planeta azul à magia da amizade, da cumplicidade, ligou a ignição da vida, abençoado pela diva mulher e abriu sem tabus as asas da imaginação.
Da necessidade de ser protegido dos estados de transe, passou a ser um anjo da guarda e tem sempre a sua sombra de mãos dadas ao teu ego.
Hoje sou cúmplice dos teus arrepios, amante em cada palavra dos teus silêncios amordaçados, até conseguir abrir as algemas da alma para novas felicidades, não tenho a providência divina, mas a compaixão dos vivos.
Cada uma tem o seu retalho de vida, glórias escondidas, visões distorcidas, desalentos interiores e razões infinitas para terem perdido a fé nos homens.
Tu, fechaste a gaiola dos sonhos, deixaste esmorecer os gritos selvagens, caíste em amarguras que sangram tristezas e abriste a porta aos zombies que vagueiam dentro e ti.
Bem longe, sem ver, senti a fulgência da sensibilidade, a humildade da tua alma e a silhueta encantadora dum corpo desenhado durante o manjar dos deuses.
Olho com a admiração dos sentimentos mais refinados, nas observações abstratas a simpatia de afetos no túnel dos sorrisos, com excitação de saborear a tua intimidade e degustar sem pudores o corpo. Ficaste viciada em mim, uma crente submissa aos castigos pelos toques aveludados do meu vigor e desde então a tua solidão passou a ser devorada pelo barulho da partilha dos pecados desejados.
Gosto de ti, de sentir o calor no peito quando cais no sono angelical, no cantinho aconchegado quente, ardente e na forma como sentes a tranquilidade no leito, coberta pelas penas protetoras das minhas asas.
Dormes nua, abraçada a rosas vermelhas numa atmosfera de paixão, numa crença de dialetos de amor, respiras odores dos orgasmos que almejas escondidos na imaginação, contagiada pela obsessão do fascínio deste querubim.
Eu? Apenas fico aqui ao teu lado a embalar o teu coração de princesa, a semear mais caravanas de sonhos, feitas com sementes da luz da tua límpida aura e a ser fortaleza intransponível contra os pensamentos negativos.
És a rainha dos desejos, a energia da inspiração, a ninfa contagiante, a sedutora mulher exuberante e celebrei contigo um pacto de validade infinita como teu anjo da guarda.

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