Anjo diabrete...

Anjo diabrete...

Com desejos de abraçar a liberdade, viajo num corpo de golfinho, relaxado com o espírito aventureiro. Ao longe avisto uma miragem, talvez uma sereia, a contemplar o mar, cabelos ao vento, sorriso envolvente e um olhar impetuoso de sonhadora. Afinal é um anjo de alma doce, de excelsa beleza, linda que dói, sensualidade infinita, num corpo de pecado e fico a imaginar a nudez absurda.
Procurava a paz, mas tenho de preparar para a guerra, a alma fica prisioneira e imolo o corpo pelos pensamentos cúmplices.
Numa cegueira tentadora, respiro seduções, de coração fervilhante, sôfrego sem ar pelas brasas que se fundem com o perfume da perversão e fogueiam a epiderme.
És uma deusa com asas, uma excitação imaculada, espírito iluminado pela positividade, sensível, um ser deífico da natureza, uma diva que inspira devaneios entranhados e adormecidos.
Dispo a pele do mamífero aquático, visto a ousadia inflamada, recrio visões escondidas, liberto o sangue quente e deixo correr o pecado suicida como se fosses uma oferenda envenenada.
A fantasia cega imaginações, os sonhos estonteantes desnorteiam paixões utópicas e os delírios esvaíssem em gozos molhados.
Atraída pelo demónio, suspiras malicias cândidas, sentes a tentação da virilidade sanguinária deste devorador feroz e entras no paraíso em transe que queima sacrilégios.
Com olhares eróticos, lanço aromas febris, mastigo vontades de impor castigos no eufórico clitóris pela língua em erupção, de cravar o teu corpo angelical com sublimes penetrações, até escutar galopadas estonteantes deste cavalo suado.
Tudo em ti é pura essência, delicada no toque aveludado dos lábios em cada beijo, até na forma perfumada como acaricias o meu corpo e incentivas ao avolumar do sexo.
Imbuídos na aventura, neste misto céu inferno, nesta ardência quente arrepiante, os gemidos são encanto, os orgasmos delicados, enquanto os meus são urros animalescos e sémen enlouquecido.
Um contraste brutal, um choque de gentileza, uma magia ilusória, tudo voos deste pássaro amarrado na solidão, que acorda com estrondo pelos gritos masturbados.
Não é um pesadelo, apenas um sonho, numa noite turbulenta, encharcado de esperma na luxúria da cama e atraiçoado pela vontade de pecar e saborear a bênção da hóstia da prevaricação dada pelo anjo na boca do diabrete.

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