Arte mágica...
Arte mágica…
Mesmo sentindo-me iluminado, tenho momentos que não consigo entender a amplitude da minha sensibilidade. Talvez seja um dom que Deus me deu, como se a vida para mim fosse uma caixa mágica, que mesmo contendo fantasias e desânimos, não deixo de ser um amante dos prazeres da vida. Sempre fui um fazedor de histórias, sem transformar mentiras verdadeiras em verdades mentirosas, isso só está ao alcance dos ardilosos. E, existem muitos, camuflados de presunçosos, charlatões ou em governantes, que sempre à “pala dos outros” saltam e pincham na merd@ e não se borram como se fossem pinguins na limpidez do Polo Norte.
Tenho sonhos de menino, que nem a vaga de frio os consegue congelar e aqui estou na lucidez desfocada a ouvir o granizo a bater nos vidros como se fossem flechas com asas.
Vendo os olhos, entro na escuridão profunda, sinto apagões no cérebro e prisioneiro das fantasias, caio na ilusão do ilusionista.
Ouço, o rebuliço, o frenesim, a excitação, o calor humano, a temperatura crescente na cara, pelo efeito das luzes com as cores das lanternas da utopia e do nada se abrem as janelas ao hipnotismo das emoções.
Com as pernas trémulas, danço no palco, recompensado pelo brilho de felicidade dos olhares expectantes e tento retribuir, transformando a sala numa aldeia dos prazeres para os espetadores.
Numa viagem cósmica, tento ler as mentes, descobrir os seus fétiches e com a delicadeza dos dedos, recrio surpresas misteriosas disfarçado de jogador de cartas. A magia acontece e no cenário a luz incandescente da escuridão é iluminada pelo fogo de artifício que explode como arcos-íris. As forças interiores da ilusão, derretem os arames farpados entrelaçados nos corações e acordam os egos adormecidos, convertendo a tristeza em lava da felicidade em erupção. Todos merecemos ser felizes, até as almas desencantadas com os jardins proibidos, precisam de despertar e gritar aleluias até os asfaltos da euforia ficarem em chamas.
Hoje não quero escrever poemas de desejos eróticos, apenas lançar magia de amor, loucura e paixão nos outros, embora saiba que é tão difícil como agarrar o vento. Os truques de arte mágica, de humorados mentalistas, sucedem-se em catadupa e deixo-me flutuar na quimera da jubilação. E, pelos silêncios eufóricos dos aplausos na plateia, ouço gritos de “fantástico”, “incrível”, “uauuuuu”, sinais de que consegui tornar o impossível em possível.
No final sou aplaudido de pé. Com o estrondo acordo e enxergo que a final de contas não é para mim. Enfim, sou apenas um dos muitos espetadores abismados com o perfecionismo dos mágicos (Luis de Matos, Yu Hojin, Javier Botía, Norbert Ferré e Dan Sperry) em palco neste maravilhoso Coliseu do Porto, onde tudo é arte mágica.
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