Casa das bonecas...

Casa das bonecas...

Estranho tudo o que rodeia a visão, nem sei onde estou, nem como vim aqui parar.
A sensação é de que fui disparado por um revólver, para profanar túmulos do passado ou enfeitiçado para enlouquecer em pecados.
Tudo é burlesco, num silêncio que corrói a alma.
A sala, os quadros, as cortinas, os sofás, as luzes não são a cores, mas de um vermelho bordeaux e tudo simboliza um erotismo para excitações imundas.
As mulheres imóveis, como verdadeiras estátuas, vestidas por exuberantes lingeries, casacos de vison, botas de cano alto, cabelos desgrenhados e máscaras que escondem dominações sádicas.
Arquiteto excitações, delírios no corpo endiabrado e perverso sem perdão, de respiração trôpega interpelo cada uma delas. Nada ouço como resposta, apenas murmúrios das vozes na taciturnidade da desonra dos seus pensamentos em lutas.
No equilíbrio de meditação, tento interpretar cada personagem como se fosse um mentor de submissões.
Cada uma, sem um único gesto ou sorriso, conta por telepatia, de forma misteriosa e sem segredos as fragrâncias da vida de vadias, nos prazeres do sexo em lugares proibidos.
Ouço as vergonhas perdidas, destas mulheres atraentes, de olhares aveludados.
Expostas de forma escandalosa, fazem-me escutar as brincadeiras eróticas e as torturas de prazeres sofridas por mais de mil homens insaciáveis. Parece que ouço as palmadas sofridas nas nádegas, as batidas dos pénis nos lábios e as penetrações no âmago.
Fico de boca seca, atraído pela tentação da alma arder por dentro, de transgredir comportamentos e de sentir carícias genitais. Tudo não passa de fantasias devoradas pelos desejos inconscientes.
Cada uma tem a sua história, os seus pecados mutilados no santuário da subtileza da nudez, sem conceitos imorais ou tabus.
Apenas absorvo esta imensidão de loucuras, perdido em todos os sentidos e sem perceber onde permaneço.
Sonâmbulo, pergunto a mim mesmo onde está a minha tranquilidade, o discernimento para compreender esta dicotomia entre realidade e ilusão.
A resposta são sinais químicos do corpo e viscosidade pecadora da imaginação.
Atraiçoado pela mente que mergulhou numa espiral de alucinações, em impulsos de raciocínios ilógicos e alucinações urdidas pelo diabo.
Incrédulo com as narrativas relatadas pelas jovens, acordo dum sonho transpirado e que afinal eram simplesmente realidades duma casa das bonecas.

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