Expiação de pensamentos…
08 de Dezembro, 2018
Nas euforias de verão e no basilar de tradições antigas, existem nas diversas comunidades os sentidos festivaleiros na ânsia de nos divertimos e proporcionar expansões de alegrias.
Sempre tivemos em tudo o engenho e a arte de encontrar motivações para festas e festivais, sejam por questões religiosas por veneração a tradições de lendas milenares, ou apenas porque desejamos nos regenerar em momentos de puro êxtase.
Muitos são os temos alusivos dos festivais, desde a cultura, religião às artes e às gastronomias ou os musicais.
Empurrado nestas correntes de multidões, sempre com os sentidos todos apurados, assisto encostado no balcão dos meus pensamentos a saciar minha sede com uma cerveja fresca.
Os sons estridentes as luzes mutantes nas cores e vivacidades do palco no além, a poeira dançante por cima de nossas cabeças, sinto meu ser penetrado pelo teu olhar fixo em mim.
Vestida a preceito para o momento, com pequenos passos de dança no sapatear dos pés, os cabelos loiros soltos, pareces inebriada pela música e por algo mais na forma como me observas.
Com teus olhos a navegar sobre o meu corpo, sinto-me invadido pela magia da tua sedução, sinto os sininhos nas mãos dos anjos a tocar junto de meu coração e entro num estado de hipnose, como se fosse um predador de corações.
Tudo em meu redor se desliga e pelo teu olhar de audácia desmedida, sinto o cortar da respiração que faz quebrar entre nós as fronteiras das logicas animadoras à nossa volta e entramos numa viagem de silêncios estranhos.
Mesmo a uma certa distancia métrica entre nós, apenas nos olhares cruzados e na transposição da minha mente tento através da química magnética dos meus obstinados desejos como se fosses uma carta aberta, explorar e desnudar todos os teus pensamentos que vagueiam dentro de ti.
Com a consciência convicta que consigo desmontar através do teu olhar afetuoso, vejo todas as conexões dos teus fios sensoriais a debitar pensamentos:
Sentes a vontade de transpor a fasquia real, de maximizar a envolvência com este mentor de fragâncias, julgaste a borboleta colorida a meus olhares e desejas um intercâmbio de beijos que consigam acenar ao coração.
Teus pensamentos perdem por momentos a lucidez dos conceitos moralistas, sinto isso no fervilhar da tua estufa criadora de sonhos e nem todos tem a universalidade da pureza, do espírito do cupido, mas também o desejo da coabitação da plateia do devaneio na exploração do meu bordel pecaminoso.
Sinto o aquecimento do teu corpo, a tremedeira de tua alma e os arrepios do desejo pelo toque imaginário de nossos corpos. Envolvidos pelos aromas pensantes, ficamos conectados e impregnados até aos ossos pela nobreza dos desejos.
O festival terminou, mas nós, pois nós ficamos aqui os dois perdidos no tempo e no prazer da faina das caricias, a fotografar o coração um do outro através dos pensamentos.
Respeite os direitos de autor
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