Cumplicidades...

Cumplicidades...

Andei perdido no tempo, na imaginação, na vontade de sonhar e sinto que perdi parte do passado. Felizmente a vida não se encarrega apenas de colocar pedras no caminho. Ela, também deixa pegadas em forma de pétalas de rosas, aromatizadas com o perfume de alguém. Temos é que ter o dom de sentir cada pétala, de tentar descodificar o que cada uma representa e para onde nos desafia os novos destinos.
Tive essa astúcia, esse privilégio e encontrei-te.
Agora sinto-me iluminado, até na escuridão, por ti e deixei o fascínio ser algemado pelo teu encanto. Cada dia que passa, temos o predicado de convivermos lado a lado, entrelaçados pela magia própria de almas gémeas.  
Demos as mãos, abrimos os corações e carregados de sonhos, caminhamos pela escada rolante em busca do infinito. Não sabemos para onde nos leva cada degrau, mas sentimos que pisamos diariamente o chão do paraíso e faz-nos sorrir como crianças felizes.
Crescemos, com um contrato de respeito selado, assinado pelas palavras, pela nobreza das honras e não estipulamos prazos de validade.
Humanos, inseguros, carentes, mas que a sintonia dos sussurros com palavras poéticas, souberam dissipar a timidez.
Na alvura, fomos despertando os egos, colmatando as inseguranças e hoje somos dois adolescentes coniventes. A cumplicidade entre dois seres, não se compra, muito menos se paga, nem tem preço e para existir, é necessários dois corações abertos.
Embora ainda tenhas inseguranças, incertezas maquilhadas pela tua essência, deixas o íntimo feminino atrair-se pelo deslumbramento que abala prazeres.
A escada chama por nós e faz pequenas paragens nos patamares da felicidade. Hoje, paramos num nível encantado, num espaço vazio de silêncios, algo de mágico e desejado que o destino preparou como surpresa. Olhamos em redor, inalamos o perfume, as velas acenderam, a música romântica soltou-se ao vento e mergulhamos os corpos na água borbulhante. Acende-se apenas a lâmpada do “jacuzzi” e cada um no seu recanto, trocamos olhares picados, com provocações que esvoaçam pelos espelhos embaciados. O nível da água encobre a nudez total, embora os teus seios desnudados já tivessem sido violados pela visão atrevida das nossas loucuras. A água fervilha, solta bolhas de ar que se envolvem na epiderme como algodão doce. Olhamo-nos mutuamente, deixamos os pensamentos fluírem dentro das nossas cabeças e num silêncio de paixão, tentamos escutar os pensamentos um do outro.
Sentes que sou o combustível que alimenta o teu lado irreverente da adolescência, que existe adormecido em ti. Enquanto eu penso, que és o rastilho que implode a minha inspiração para desejos mais obscuros e que fazem o ego sorrir.
Talvez sejamos malucos, com pensamentos impuros, pecaminosos, mas somos puros, genuínos na forma como convivemos. Juntos na intimidade, almejamos brincar na privacidade, mas ficamos reciprocamente arrepiar pela admiração. Apesar de os nossos lábios nunca se terem tocado, beijam-se constantemente pelos ecos da ilusão.
Não abrimos trincheiras, muito menos barreiras ou fronteiras físicas, mas as trocas de palavras sedutoras, de olhares carinhosos, fazem perdurar cumplicidades…

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