Depressão...

Depressão...

Somos humanos, feitos de inúmeras fragilidades, por vezes mais frágeis que um simples copo de cristal.
Sem darmos conta, nem percebermos os motivos, entramos numa bolha de sofredores, envoltos em espirais alucinantes, onde existem apenas rotundas com os relógios da felicidade parados.
A depressão entra silenciosamente como um murro demolidor, liga a luz da escuridão no íntimo, descarrega tristezas no ego e deixa-nos de olhares perdidos. O coração passa a viver constantemente pendurado na linha do abismo, a alma balança num matadouro de felicidades e os olhos transformam as lágrimas em cascatas de água.
Difícil de entender, só quando passamos por isso e temos a força para ultrapassar é que olhamos para trás e vemos que sofremos por nada palpável, por algo que é um vazio do nosso estado mental.
Sei, do que falo, em tempos longínquos, vivi nesse cantinho de tristeza profunda, que persistia diariamente em mim e tinha aversão a todas as atividades normais da vida.
Afeta tudo, comportamentos, pensamentos, sentimentos, o bem-estar, faz-nos sentir tristes, deprimidos, com preocupações vazias, ansiosos, impotentes e com um sentimento de inutilidade da nossa existência.
O dia é fastidioso, mas a noite é torturante, mastigamos insónias, mesmo com sonos excessivos. A cada dia que passa perdemos energia, alimentamos a fadiga, a concentração desfalece, as dificuldades nas tomadas de decisão, tornam-se um beco, sem saída e no limite constatamos a luz, no suicídio.
Repito, sei do que falo, senti no passado, os gumes afiados das facas depressivas a espetar na carne e na alma.
Temos de ser fortes, acarinhados, por aqueles que verdadeiramente nos amam e que a todo o momento se colocam ao nosso lado e nos puxam do precipício e conseguem-nos trazer de novo ao mundo da razão.
É como um jardim, se deixarmos de cuidar, vão nascer ervas daninhas, portanto temos de ter a noção que precisamos de ajuda e sermos delicadamente cuidados como as flores.
A vida é única, por isso deve ser vivida, com intensidade, de forma positiva, ver em cada dificuldade uma possível oportunidade e termos a força para agarrar-nos com determinação a tudo que nos possa dar entusiasmo.
Dar asas à imaginação, soltar o vulcão adormecido, esmagar os soluços do desânimo, sentar no baloiço da vitalidade e soltar o sorriso a todo o instante é uma das muitas formas de encher o ego com os prazeres da vida.
Há sempre um novo dia, uma luz, uma esperança e há acima de tudo quem nos ama, mesmo quando sofremos e todos juntos é possível vencermos com glória a depressão.

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