Divagar ao longe...
23 de Janeiro, 2024
Estou farto de estar encurralado na prisão das memórias, com uma vontade enorme de falar ao mundo. É pela escrita que o faço, embora a minha existência seja misteriosa, não vivo no lado oculto de Marte, mas na parte iluminada do Planeta Azul.
Aqui sinto as estrelas brilhantes a sorrirem para mim e por isso gosto de ser refém das palavras, elas abrem as portas do sonho a todos os corações.
O silêncio, muitas das vezes, diz o que sentimos de uma forma tão perfeita, que as palavras não sabem traduzi-lo, por isso não deixo de as gritar impregnadas de sentimentos de compaixão.
Sentado no paredão, cá em cima, bem alto, consigo ver a civilização no horizonte e deixo-me iluminar pelo sol frio de inverno.
O corpo tem pedido mais calma, pelo que tento ter o dom de acalmar-me, daí esta necessidade constante de conversar com os meus silêncios e dar asas aos pensamentos do íntimo.
Grito bem alto, talvez até sejam coisas sem nexo, mas tenho de dizer que invadiste os meus sentidos e tenho uma vontade gigantesca de te ter a meu lado.
São horas de espera, num desespero febril, com o cérebro a estremecer, o chocalhar dentro da cabeça, a derreter icebergues dos neurónios, enquanto fecho os olhos, penso em ti e escuto os arrepios da consciência.
Prefiro morrer à sede a deixar de sonhar, mesmo tendo a noção que não posso despir todas as minhas histórias, senão acabo a dançar com o diabo ou a ser torturado pelas deusas submissas. Não é que não tenha vivido doses de folias privadas, mas não tenho erros sem perdão, até porque ainda carrego na ponta dos dedos carinhos e é pelas palavras que eles têm mais essência.
Nesta imaginação ilusória, vejo os despojos da guerra, o desacerto das agulhas dos humanos pelos desvarios, como se eles fossem alcateias perdidas. São como selvagens assanhados, o mundo está cheio deles, de idiotas inúteis, que vivem como chacais a vasculhar os ossos dos vivos.
Nesta espécie de redemoinhos de ecos estranhos, sinto que é tempo de limpar as armas e abrir os corações.
Aqui estou, sem termos brejeiros, apenas na mudez de sons estridentes e a divagar ao longe…
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