Ecos do coração...
Nunca fui homem de saudades, mas de memórias e estão todas gravadas para sempre no intelecto cerebral. Se elas são boas dou tudo o que tenho de corpo e alma, se forem más fico acossado por pesadelos.
Não sou sábio por ter mais ou menos inteligência, mas por conhecer profundamente os limites da minha ignorância. Talvez seja um sonhador, sabendo que os sonhos são portas fechadas com códigos e tenho que esmerar-me com afinco para os desvendar.
Nasci a sonhar que viveria agarrado diariamente nos teus braços, no calor dos teus beijos e apaixonado eternamente, mas o amor que não é partilhado, dissipa-se.
As minhas mãos já foram os olhos que viram o teu corpo, agora andam trémulas, gélidas pela falta de afetos. A alma já foi feliz por sentir a tua, mas anda irrequieta, vazia e muda em palavras.
Decidi bater à porta do coração, para perguntar o que sente.
Sei que os pássaros voam porque tem asas, mas as pessoas têm livros para poderem escutar as vozes dos poetas.
Neste silêncio de sons amorosos, canto ao mundo o amor decifrado em braile, com poesias que tenham o dom de arrepiar.
Espreito o coração e nele está a tua imagem tatuada, divina, pura, imaculada, com o dom de agregar todos os itens das deusas gregas.
Não quero ficar exasperado, nem a cavalgar em amores passageiros, mas sinto-me um touro perdido numa emocionada garraiada.
Afinal até o coração soluça, ouço a voz dele, embargada, também vive uma luta contra o mundo na busca do elixir da felicidade.
Os diálogos atropelam-se entre a alma e o coração, são síncopes desgovernadas, com milhares de interrogações, parecem bandos de pardais a chocarem no céu e a caírem a pique no chão.
Sei que fazer amor com a mente é coisa de refinados conhecedores e enquanto muitos se contentam somente com o corpo, tenho o dom de mergulhar virtualmente emocionado na tua cama.
Preciso de falar ao teu umbigo, suspirar nos teus ouvidos, de suar o combustível que arde e fechar as cicatrizes que queimam.
És perigosamente viciante, por isso não fiques assustada com os impulsos impróprios para cardíacos dos ecos do coração.