Perdida, procuras ilusões…
05 de Dezembro, 2019
Tu és simplesmente mulher, ofuscas o sol por onde passas, estouras os corações românticos como se fossem balões de ar e dentro do peito tens a alma carregada de segredos trancados por mil fechaduras.
Deslumbras no brilho do olhar, no sorriso, mas as posturas da beleza corporal encobrem o turbilhão de fantasias dos destinos indecorosos que sempre ambicionaste e que apenas tu sabes. És um mistério mesmo para aqueles que partilham o teu mundo.
És poesia revoltada pelas desilusões das vivências perdidas, cansada das ironias castradoras da vida e dormes com os pés encharcados pelas lágrimas que correm do lindo rosto.
Vives, respiras, mas ouves as sombras da mente a gritarem, a pedirem mais ousadias e as hormonas sexuais a respirarem ânsias de fétiches. Queres sentir ardências de uma borboleta voadora e livre, mas depois ficas sentada na cadeira velha partida a vasculhar lamentações do passado.
Tu que incendeias fósforos com um simples sopro, tu que deixas os homens babados e encher piscinas de malicias com a baba. És uma criatura ávida por fome das ementas de posições carnais nas luxúrias dos machos insaciáveis, vives como uma santinha moral, mas sentes os galopes das batalhas de uma pecadora convicta.
És muito mais do veem em ti, és Lúcifer com medo dos olhos dos outros, és lava ardente no ártico e que ninguém vê porque mascaras aparentes simpatias.
Esgotada de seres uma árvore despida, uma esmola de pedinte, de sentir a boca seca de acenos inocentes, decides escutar os impropérios da alma e matas a pureza do anjo. É este o momento do clic. Com a luz a iluminar e arrombar o cantinho poderoso dentro de ti, libertas a chama viva das loucuras, as adrenalinas pulsantes escondidas que sempre rabearam nas tuas artérias.
Acendes a candeia das invasões atrevidas, soltas o cabelo feito uma tola, lanças as malas das alucinações ao mar agitado como se ele fosse a estrada da esperança.
És guiada pelas poesias das gaivotas, que desviam os martírios das sombras e que fazem vibrar as silhuetas para espasmos intensos no fervilhar do corpo.
As águas são gélidas, mas estás cega por escarafunchar nos lábios vícios indecentes, de gozar o rubor dos mamilos eretos, de arrepiar as vértebras pelos beijos dos apetites vorazes nas coxas, do fogo no clitóris pelo desfolhar da biblioteca sagrada da tua vagina na libertação com justiça dos orgasmos perdidos.
Este é o teu lado oculto, um capitólio fantasioso de sonhos e desejos, com chavões de palavras obscenas, das masturbações ocultas insaciáveis e dos estrondosos ecos das dores dos prazeres nas submissões que sempre suplicas no silêncio.
As ondas agigantam-se levam o teu corpo de guerreira numa velocidade desmedida para muitas vitórias suadas, que serão festejadas com gritos tribais pela tua boca esfomeada da viscosidade do fruto proibido.
Lampejos da tua alma anónima, emoções do corpo, loucuras assanhadas que convivem debaixo da pele, uivos da loba feroz que coabita no íntimo, faz de ti uma mulher com vontades loucas de comer histórias.
Convicta, mesmo perdida, procuras desenfreadamente ilusões como se não houvesse amanhã.
Respeite os direitos de autor.
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