Egrégio(a) enfermeiro(a)…

Egrégio(a) enfermeiro(a)…

Temos a obrigação moral de ser filhos da memória eternamente.
Não apenas hoje, nem nos momentos de aflição, ou nos instantes que viajamos nas escadas rolantes do sofrimento.
É com os heróis valentes que fazemos história e somos uma verdadeira nação imortal.
Eles são os protetores nas carências, a sabedoria dos sentimentos pelos outros, os anjos com as asas imaginárias do bem, as borboletas que nos fazem voar para novos capítulos da vida.
Atravessamos um cenário de guerra invisível, uma catástrofe humanitária global e mesmo com a fadiga imoral, nunca deixam de ser uns guerreiros empenhados até à exaustão e imbuídos de nobres sentimentos.
Uns anjos perdidos, também com as suas próprias vidas, mas sempre dedicados aos desabafos das lágrimas, com os tímpanos abertos ao silêncio, a alma apertada num colete de forças e o corpo arrepiado pela espiral do medo.
Com os músculos rasgados pelo desgaste, os cérebros latejantes pelo stress, as peles deterioradas pelas máscaras, olham com profunda mágoa, os redemoinhos de cadáveres vestidos nos seus braços.
Espíritos indomáveis, sorrisos de ternura perfumada, com as lâmpadas fundidas pela fadiga, nunca deixam de lutar incansavelmente pelas autópsias da vida humana.
Muitos de nós já caímos nas mãos destes profissionais dignos, com certeza, todos fomos abraçados pelos dons divinos da graciosidade e sentimo-nos numa colmeia de afetos, iluminados pela sua luz.
O pote de sofrimento ainda não terminou, o vírus existe, a batalha continua, as marcas estão bem vivas nas fotografias da nossa mente, mas nas deles ficarão danos psicológicos irreparáveis.
As proezas, os atos heroicos podem ser subjetivos para cada um de nós, mas para mim, será sempre de gratidão incondicional e infinita para o(a) egrégio(a) enfermeiro(a).

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