Estende a mão…

Estende a mão…

Somos feitos de orgulhos, de vaidades, de razões, principalmente quando não precisamos do outro. Pois, esse outro, algo ou alguém abstrato que muitas das vezes tratamos na indiferença.
Somos preconceituosos em coisas fúteis por vezes apenas pela cor da pele, mas somos carinhosos para resgatar um gato de um buraco apertado.
Testemunhamos segredos, gozamos riquezas, partilhamos emoções, mas espremendo tudo na sua universalidade não passa de uma ilha vazia.
Nos dramas derramamos lágrimas comoventes, interrogamos tudo na dor da perda, pela morte de alguém querido e comovidos nesses momentos meditamos o que é a felicidade.
Vivemos nas táticas do digno e indigno, das moralidades ou do cultivo do amor.
Somos isso, por vezes vilões dos sonhos, mas como meros idealistas. Outras vezes os timoneiros de sorrisos nos rostos marcados pelas tristezas.
Mas a vida é volátil, gira em torno sol e nós também giramos em redor de trapézios carregados de adversidades. E, um dia o abismo pode ser sinuoso, pois, lá, no fundo, habitam os soluços, as lágrimas, a dor, o sofrimento, o abandono, a solidão que batiza até a morte.
Mas as histerias das fúrias assassinas do poder, do pisar os outros com as botas da vergonha, com machadadas dos machados afiados de falsidade e consciências imorais, essas não param.
Olhamos ao espelho e apenas conseguimos ver a nossa imagem física, porque ele não consegue refletir a nosso interior. Não mostra o nosso currículo escrito pelos laços de carinho e afeto que a nossa sensibilidade escreve quando o coração dita as palavras. Por muito que expliquemos ao espelho aquilo que somos, ele não sabe nem nunca saberá.
Mas no olhar do nosso semelhante, naquele que sofre da alma enterrada e moribunda, um simples gesto ele sabe sentir. Se na sua angústia, estivermos ao seu lado, se formos a sua luz, o coveiro da sua infelicidade ele sabe o que somos na nossa alma.
Podemos usar mil chavões de palavras, como ilusões, utopias, miragens, fantasias, devaneios, irrealismos, mas se na hora certa soubermos partilhar o amor, seremos gratificados nos momentos que precisarmos.
Por isso, vale a pena pensar nisso e devemos estender a mão até a um pequeno embrião com vida.

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